Consciência Negra

A consumação do golpe abriu as portas para que a discriminação social e racial, expressa também no ataque a direitos fundamentais por parte do Executivo e Legislativo, se tornasse algo 'banal'. Com isso, o que era execrável, tornou-se parte de uma estratégia para disputa política, como os recentes ataques a terreiros de celebração de religiões de matriz africana, especialmente no Rio de Janeiro e em São Paulo.

 

Secretária da CUT de Combate ao Racismo, Maria Júlia Reis Nogueira, falou sobre a importância das atividades que marcam o Mês da Consciência Negra e em relação à necessidade de o movimento sindical ir além do debate classista. “Em nossas bases devemos cultivar o fim do ódio, do racismo e da intolerância religiosa. Pensamos o mês de novembro para discutir as questões de nossos dia a dia, porque esse sentimento escravocrata ainda é muito presente na nossa sociedade. Vivenciamos 350 anos de escravidão e o fim desse modelo não chega a 130 anos. Ainda está muito recente, e começou com uma grande parcela dessa população vivendo de maneira marginalizada. E interessa ao capitalismo que continue”, pontuou.

 

Presidente da CUT-SP, Douglas Izzo, ressaltou que o debate sobre a exclusão racial não pode ser considerado algo menor dentro da luta da classe trabalhadora. “O racismo se expressa na exploração muito maior do negro quando você compara o salário que recebe um trabalhador branco e um negro na execução da mesma atividade profissional. O racismo se expressa nas direções das empresas, quando você olha para os principais cargos nas principais multinacionais, nos bancos, e muita gente não leva em conta o apartheid que há no país. Quase 70% da população carcerária no país é formada por negros e negras, o que mostra a exclusão que se estabeleceu a partir da forma como o Brasil foi colonizado”, disse.  


Representante da InfoPreta, empresa de tecnologia em que só trabalham mulheres negras e minorias e que presta serviços de assistência técnica e social para mulheres negras e de baixa renda, Danielle Lourenço falou sobre a dificuldade em romper com o racismo em diversos aspectos, especialmente no mercado de trabalho.

 

“É muito bom ver o sorriso de uma 'mina' preta que conseguiu terminar a faculdade porque a gente ajudou. Agora estamos com um projeto chamado Ressocialização Preta, em que empregamos e damos cursos e bolsas a ex-detentas, moradoras de rua e negras em São Paulo. A gente houve histórias de mulheres com três, quatro anos, pensa, ‘porra, poderia ser eu’. Aquela menina é igual a mim. Esse movimento que fazemos é de mobilização e de colocarmos essas pessoas para se ressocializarem. Sabemos o quanto é difícil porque precisamos todos os dias bater o pé para mostrar que sabemos fazer aquilo.”

 

 

Fonte: CUT Brasil

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