A infraestrutura e o acesso a serviços básicos de eletricidade, água, esgoto e telefone são "altamente deficientes" nas escolas da América Latina e do Caribe. Em 40% das escolas públicas e privadas, não há biblioteca, 88% não têm laboratório de ciências, 65% não contam com salas de informática e 35% não oferecem espaço para prática esportiva. Os dados constam do relatório Infraestrutura Escolar e Aprendizagem da Educação Básica Latino-Americana, lançado hoje (18) pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID).
O estudo leva em
consideração informações sobre 16 países, incluindo o Brasil. Uma das
conclusões é que há grande disparidade entre a infraestrutura disponível nas
escolas particulares em relação à rede pública e ainda entre as que se
localizam nas cidades em comparação às do campo.
A condição dos
estabelecimentos de ensino que atendem à quinta parte mais pobre é ainda mais
grave. Segundo o relatório, só a metade deles tem acesso à água potável e
eletricidade, apenas 4% têm acesso à linha telefônica, mais da metade não têm
biblioteca e quase nenhum tem laboratório de ciências, ginásio de esportes ou
sala de computação. "Essas deficiências minimizam o potencial da escola em
mitigar ou compensar as iniquidades que as crianças trazem de casa, já que
muitas dessas carências estão replicadas nos lares dos estudantes", aponta.
A comparação entre os países
mostra que aqueles localizados na América Central apresentam os maiores
déficits nos parâmetros medidos, seguidos pelo Paraguai e Equador, na América
do Sul. Na outra ponta, estão os países do Conesul (Chile, Argentina e
Uruguai), que contam com a melhor infraestrutura física. O Brasil, assim como o
México e a Colômbia, ocupa posição intermediária entre as variáveis analisadas.
O estudo destaca que, no Brasil, menos de 10% das escolas têm laboratórios de
ciências, situação que se repete
O estudo também relaciona a
infraestrutura das escolas com o desempenho dos alunos a partir do Segundo
Estudo Regional Comparativo e Explicativo (Serce), espécie de teste que foi
aplicado a quase 200 mil alunos de 3 mil escolas da região. A principal
conclusão é que aqueles que estudam em unidades mais bem equipadas têm um
melhor aprendizado.
Um dos fatores que está mais
"consistente e positivamente" relacionado com a pontuação dos alunos no Serce,
segundo o relatório, é a presença de áreas de estudo como laboratórios de
ciências, biblioteca e sala de computação na estrutura escolar. O relatório
estima que haverá uma variação de cerca de 20 pontos na nota de um aluno de uma
escola que conte com todos esses recursos em comparação à outra que não tenha
nenhum desses insumos.