Cerca de 20 representantes de sindicatos filiados à Central Única dos Trabalhadores de Mato Grosso (CUT-MT) participaram, ontem (26), do Seminário "Juventude e Ação Sindical: critica ao trabalho indecente". O evento, realizado no auditório do Sindicato dos Trabalhadores no Ensino Público de Mato Grosso (Sintep-MT), contou com a participação do assessor da secretaria de Juventude da CUT Nacional, Anderson Campos, que falou sobre o conteúdo do livro homônimo ao seminário, que trata da relação entre o jovem e o mercado de trabalho.

Segundo Anderson Campos, que é sociólogo e especialista em Economia do Trabalho e Sindicalismo pelo Centro de Estudos Sindicais e Economia do Trabalho da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), a maioria dos jovens ainda se encontra no mercado informal e, dessa forma, desprotegidos dos dispositivos previstos na Consolidação das Leis de Trabalho (CLT). Além disso, os trabalhadores dessa faixa etária recebem remuneração abaixo do aplicado no mercado de trabalho, apesar de desempenharem as mesmas atividades e funções dos adultos.

Nesse sentido, Anderson Campos dedicou parte da pesquisa na observação ao cenário do trabalho estágio. "No Brasil, as empresas se utilizam essa modalidade para reduzir os custos com pessoa, com mão de obra mais barata", expôs. "O aprendizado, que é a essência da existência do estágio, geralmente, é deixado em segundo plano". O sindicalista ainda revelou que, mesmo ao identificar esses excessos, os estagiários no país não possuem representação política. "São órfãos nesse sentido porque não podem recorrer nem ao movimento estudantil, porque não exercem as atividades dentro das instituições de ensino, e nem mesmo às entidades de classe, já que ainda não são graduados", esclareceu. As centrais sindicais atenderiam, então, essa missão. "Os movimentos sindicais devem ser os fomentadores ao combate a esse tipo de fraude trabalhista, exigindo mais transparência nessas relações trabalhistas, já que a ausência de fiscalização flexibiliza esses excessos". 

Outro aspecto também identificado pelo especialista é a incompatibilidade da jornada de trabalho com a de estudos. "Infelizmente, o jovem brasileiro busca o mercado de trabalho para garantir a subsistência da família e quando os horários do expediente se chocam com os dos estudos, eles optam por abandonar o sistema educacional", afirmou. "Isso traz um problema social muito grave, que é a existência de jovens no mercado de trabalho, a maioria de baixa renda, com prejuízos às garantias trabalhistas e que, sem instrução e estudos, não terão ascensão profissional já que não possuem qualificação. É um círculo vicioso", complementou.

Por isso, Anderson Campos mais uma vez destaca o papel dos movimentos sindicais para cobrar das instituições governamentais a adoção de políticas públicas de proteção social da juventude. "É necessário criar uma política de Estado para que essa situação seja revertida, com mais investimentos em educação, aumento da renda familiar e uma fiscalização do trabalho cada vez mais efetiva, por exemplo". O sociólogo ressalta também o papel dos movimentos sindicais como fomentadores da sindicalização de trabalhadores compreendidos nessa faixa etária. "São informações que podem ajudar na adoção de ações políticas de modo a alterar essa realidade que é desfavorável ao jovem trabalhador", afirma.

Para a secretária de Formação da CUT-MT e secretária geral do Sintep/MT, Vânia Miranda, a iniciativa é válida uma vez que traça o cenário no qual o jovem trabalhador está inserido, auxiliando os movimentais sindicais para que tomem medidas a fim de garantir que os direitos dispostos na legislação sejam cumpridos. "Queremos que esse tema chegue às bases para que ações sejam tomadas em prol dos jovens trabalhadores", reforça.
Publicação - O prefácio do livro, fruto do trabalho de pós-graduação do sociólogo, é assinado pelo presidente do Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas (Ipea), economista Márcio Pochmann.  A íntegra da publicação de 168 páginas pode ser conferida no link http://letraeimagem.com.br/novo/2011/02/juventude-e-acao-sindical-critica-ao-trabalho-indecente/. Os interessados em adquirir um exemplar podem entrar em contato no endereço eletrônico andersoncampos13@gmail.com .

 



 

Cuiabá, MT - 27/10/2011 00:00:00


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