O Sindicato dos Trabalhadores no Ensino Público de Mato Grosso (Sintep/MT) apoia a decisão do Conselho de Ensino e Pesquisa (Consepe) da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), que aprovou, ontem (31/10), a reserva de 30% das vagas para estudantes oriundos de escolas públicas e 20% para negros. A vice-presidente da entidade, Jocilene Barboza, e o secretário de Organização Sindical, Luiz Benedito Prina, participaram da mobilização encampada pelos alunos junto à reitoria pela aprovação da proposta, na tarde de ontem.
A entidade também
protocolizou o posicionamento favorável à destinação das cotas no Consepe há
alguns dias. "Sabemos que o sistema de reservas de vagas sociais e raciais não
resolverá o grave problema da falta de oferta de ensino nas instituições
federais e estaduais de ensino superior, mas entendemos que as cotas são
instrumentos de democratização do acesso ao ensino superior público, mesmo que
de forma paliativa", explicou Jocilene Barboza.
Para o Sintep/MT, o acesso
às vagas do ensino superior público representa uma pirâmide social invertida, já
que mais de 80% dos estudantes que frequentam escola pública no Brasil não têm
acesso à universidade pública na mesma proporção. Mesmo sendo colocadas em prática, as políticas
afirmativas ainda não estabeleceriam a devida correlação de matrículas entre os
que frequentam a escola pública. "Somos contrários a qualquer tentativa de
confrontar as duas políticas, uma vez que tal decisão terá o efeito de apenas
retardar esse viés de democratização ao ensino superior
Relatório
- Decorridos 10 anos da implementação deste programa, uma comissão formada pela
Pró-reitoria de Ensino e Graduação (Proeg) da UFMT e representantes das
entidades analisará a situação para elaborar um relatório sobre a necessidade
de manter ou não o sistema de cotas. O pedido para a adoção do sistema de cotas
foi feito pelo Ministério Público Federal. A análise do processo foi feita no
início de outubro, porém, adiado após um longo embate, que chegou a levar os
estudantes do ensino público e privado para a porta da reitoria.
A reitora Maria Lúcia Cavalli
Neder admitiu que a instituição está saturada e que muitos cursos podem sofrer
resistência à implantação da reserva de vagas, já que a estrutura da
universidade não acompanha o aumento crescente do número de estudantes, mas destacou
a importância da decisão tomada. "Este é um dia histórico para a UFMT e eu
estou orgulhosa de ser a reitora desta universidade; é o momento de fazermos
parte da história", afirmou.