O presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE), professor Roberto Leão e a professora Fátima Silva, secretária de Relações Internacionais da Confederação participaram hoje (9) do lançamento da Rede Vozes da Educação que propõe uma comunicação maior com os professores ao retratar a realidade da educação pública.
Uma pesquisa realizada pelo
Observatório da Educação mostra que os professores estão fora do debate público
sobre a educação e as coberturas jornalísticas não procuram ouvir a opinião
desta classe trabalhadora. A pesquisa feita em 18 jornais da América Latina
analisou mais de 1.200 reportagens de maio a julho deste ano. O resultado desta
pesquisa foi essencial para que a Rede Vozes da Educação fosse lançada.
No período da manhã, o seminário A Questão Docente na América Latina contou com
a participação da professora Fátima Silva que, além de representar a CNTE,
falou em nome da Internacional da Educação para a América Latina (IEAL)
entidade em que é vice-presidente. "As condições de atuação dos professores têm
que ser pautadas onde o professor estiver. Quando você senta com os dirigentes
sindicais em muitos países, você percebe uma ausência de processo de negociação
que permita o avanço. Ultimamente os professores se sentem muito ressentidos,
pois a culpa dos problemas na educação geralmente é colocada sobre eles quando
o assunto é tratado na mídia", ressaltou.
Outro problema destacado pela professora Fátima foi a falta de atrativos para
que novos profissionais ingressem na área. "A profissão não atrai mais gente
jovem. Nos últimos dez anos, os mais novos ficam cerca de quatro anos dando
aula até encontrar outra ocupação melhor."
Além da professora Fátima, participaram
da mesa Guillermo Williamson (Universidad de
À tarde foi o momento de debater o tema Uma Agenda de Toda a Sociedade
Brasileira. Roberto Leão participou da mesa e retratou suas experiências como
professor e presidente da CNTE. Para ele é essencial haver a valorização dos
trabalhadores em educação. "Não há qualidade na educação se não dermos
estrutura para os professores, como reconhecimento salarial, de carreira, de
trabalho. A valorização não é apenas a questão salarial, embora ela seja
fundamental, ela passa por formação sólida, consistente".
Ainda durante sua exposição, Leão lembrou a importância do Plano Nacional de
Educação (PNE) que está em tramitação no Congresso Nacional. "O PNE precisa ser
aprovado levando em conta princípios que foram defendidos na Conferência Nacional
de Educação (CONAE). É importante que a sociedade saiba o que vai acontecer
neste próximo período em que o PNE está para ser votado no Congresso Nacional".
Ao finalizar sua palestra, Leão alertou
para o perigo das avaliações pelas quais as escolas e professores passam.
"Somos contra a formação baseada em competência que para nós é uma visão
reducionista do trabalhador. Nós consideramos que é preciso que a valorização
do professor se dê com formação sólida e testes padronizados, universais, não
resolvem os problemas da educação. Comparar os brasileiros que vivem a 40 graus
positivos com os finlandeses que vivem a 40 graus negativos não funciona".
Junto com o presidente da CNTE,
participaram da mesa Daniel Cara (Campanha Nacional pelo Direito à Educação);
Eduardo Amaral (professor de Filosofia da rede estadual de São Paulo); Teresa
Aliperti (professora do ensino fundamental I na rede municipal de São Paulo);
representante do Movimento Todos pela Educação; Álvaro Hypolito (Red Estrado,
UFMG).
Após o debate, foi exibido o filme Carregadoras de Sonhos, que mostra a
história de 4 professoras da rede pública do estado do Sergipe. O filme tem
produção do Sindicato dos Trabalhadores em Educação de Sergipe, SINTESE.
Fonte:
CNTE