Promulgada em fevereiro de 2003, a Lei 10.639 passou a incluir o estudo da temática "História e Cultura Afro-brasileira" no currículo oficial do ensino básico das redes públicas e privadas. Oito anos depois, o tema ainda não integra, na prática, as disciplinas da maioria das escolas. Este é o grande desafio apontado pelo III Seminário Estadual de Educação Étnico-racial do Sindicato dos Trabalhadores no Ensino Público de Mato Grosso (Sintep/MT), aberto hoje (11) de manhã, no auditório da entidade.

Com o tema "Construindo Ações para Educação das Relações Étnico-raciais no Espaço Escolar", o evento ocorre até amanhã (12) de manhã. "Este é exatamente o objetivo do seminário, construir as ações que contemplem todas as relações, porque a escola inclusiva é aquela que educa para todos, sem qualquer discriminação", destacou o secretário de Políticas Educacionais do Sintep/MT, Henrique Lopes. Já a vice-presidente do Sindicato, Jocilene Barboza, disse que esta é uma das questões pautadas por um movimento nacional que busca assegurar direitos sociais.

Nos últimos anos, a implementação da Lei nos projetos políticos pedagógicos e matrizes curriculares das unidades escolares foi intensificada, mas ainda não atende os objetivos integralmente. "É preciso elaborar projetos que se tornem parte do cotidiano escolar, não apenas em datas estratégicas, como o 20 de novembro e o 13 de maio", frisou a secretária de Políticas Sociais do Sintep/MT, Maria Celma de Oliveira. Para ela, um dos temas que necessitam ser debatidos nas salas de aula é a religiosidade. "Muitos confundem esta temática com religião, o que deturpa o conceito e influencia diretamente no preconceito quanto às religiões de matriz africana", acrescentou.

Africanidade - A abertura do evento contou com a apresentação cultural das alunas do projeto Dançando com Arte - Africanidade, da Escola Estadual Salim Felício, localizada no bairro Parque Cuiabá, na Capital. Com cerca de 800 alunos, a unidade desenvolve o projeto desde 2006. "Comecei a dançar esse ano e gosto muito, porque é uma oportunidade de mostrar para as pessoas que o preconceito não pode existir", afirmou Eliza Maria, de 11 anos. Ainda no início, a secretária-geral do Sintep/MT, Vânia Miranda exibiu a revista Novos Rumos de 2010, editada pelo Sindicato, que compilou os primeiros trabalhos classificados no concurso Mama África de 2009.

Trabalhadora da educação, Cleide Andrade Ribeiro atua como tutora no Núcleo de Estudos e Pesquisas sobre Relações Raciais e Educação (Nepre) da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) em Pontes e Lacerda, a 483 km de Cuiabá. De acordo com ela, o seminário é essencial para que a Lei saia do papel efetivamente. "Fala-se muito em diversidade, mas é preciso colocar o discurso em prática todos os dias, pois o preconceito ainda persiste e muitos professores têm receio de falar sobre o assunto", avaliou.

A história do negro - O evento continua hoje à tarde com mesa-redonda, apresentação de relatos, e da história do negro em Mato Grosso, pela óptica do aluno da Escola Estadual Liceu Cuiabano, Gabriel Sanches. Também integra a programação um jantar de afro de confraternização, a partir das 19h30. Amanhã (12), ocorre a mesa-redonda "A trajetória da mulher negra brasileira, tendo como parâmetro a busca por afirmação da sua identidade e seu protagonismo na conquista dos diferentes espaços", às 8h30.


Cuiabá, MT - 11/11/2011 00:00:00


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