A busca por afirmação da identidade e o protagonismo da mulher negra na conquista de diferentes espaços foram abordados na última mesa-redonda do III Seminário Estadual de Educação Étnico-racial do Sindicato dos Trabalhadores no Ensino Público de Mato Grosso (Sintep/MT). A trajetória da mulher negra sob a ótica desses parâmetros foi traçada no último sábado (12), no auditório da entidade, em Cuiabá. Com o tema "Construindo Ações para Educação das Relações Étnico-raciais no Espaço Escolar", o evento teve início na última sexta-feira (11).

O objetivo é dar continuidade ao debate sobre a implementação da Lei 10.639/2003 nos projetos políticos pedagógicos e matrizes curriculares das unidades escolares. "A mulher negra geralmente enfrenta preconceito três vezes: por ser mulher, negra e, muitas vezes, pobre", ressaltou a secretária de Políticas Sociais do Sintep/MT, Maria Celma de Oliveira. Para ela, os trabalhadores da educação têm papel fundamental na desconstrução do estereótipo difundido pela mídia e parte da sociedade. "A escolha do conteúdo a ser ministrado, desde um simples texto, deve ser feita com todo o cuidado para que não dissemine o racismo", acrescentou.

A mesa-redonda de encerramento contou com a contribuição da secretária de Combate ao Racismo da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Maria Julia Reis Nogueira; presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Educação de Goiás (Sintego), Iêda Leal de Souza; e da mestre em Educação pela Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) e assessora pedagógica da Secretaria Municipal de Educação de Cuiabá (SME), Carmen Cinira Leite. "Os sindicatos precisam ter em vista que, além do debate sobre a questão racial, deve-se buscar a garantia dos direitos nos contratos de trabalho e processos de negociação coletiva, principalmente no caso das mulheres negras", destacou Maria Julia Nogueira.

Dívida histórica - De acordo com Iêda Leal, as mulheres têm presença forte na sociedade, mas ainda há uma dívida histórica com as negras. "O avanço dos últimos anos com relação ao protagonismo feminino é inegável, mas é necessário sair da exceção no caso das mulheres negras", avaliou. A presidente do Sintego afirmou ainda que esta condição exige mais acesso à educação básica, às universidades, além de mais vagas nas creches. "O preconceito não se percebe apenas com o ingresso no mercado de trabalho, mas na igualdade de direitos e condições de trabalho".

Os participantes consideraram o III Seminário Estadual de Educação Étnico-racial do Sintep/MT essencial, a exemplo da professora de Nova Canaã do Norte, a 696 km de Cuiabá, Maria Aparecida da Cunha. "Trabalhar o conteúdo no dia a dia contribui significativamente para a redução do preconceito", afirmou, referindo-se à prática da Lei 10.639/2003. Pela primeira vez no evento, ela disse que o fortalecimento da postura antirracista depende de debates como esse. Já a professora da rede estadual, que atua no Centro de Formação e Atualização de Professores (Cefapro) de Cuiabá, Itamara Oliveira, frisou que a troca de experiências também é rica. "Nesses encontros, é possível conhecer os projetos desenvolvidos nas escolas e o movimento para implementação da Lei".


Cuiabá, MT - 14/11/2011 00:00:00


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