Com cerca de 26 mil
indígenas de 42 etnias, Mato Grosso oferece cursos de licenciatura
especialmente dirigidos a integrantes desses povos. A Faculdade Indígena
Intercultural (FII), no câmpus de Barra do Bugres da Universidade do Estado de
Mato Grosso (Unemat), promove cursos de licenciatura específica para a formação
de professores indígenas desde 2001.
Ciências sociais; línguas,
artes e literaturas; ciências da natureza e matemática e pedagogia
intercultural são os cursos oferecidos. Com duração de cinco anos, são
dirigidos apenas a candidatos que já exercem atividades na área da educação,
como professores, diretores ou coordenadores. Os cursos estão estruturados em
regime especial. São dez etapas de estudos presenciais, na própria faculdade,
em janeiro, fevereiro e julho; outras dez intermediárias, de atividades de
ensino e pesquisa; estágio curricular supervisionado e trabalho de conclusão de
curso.
"Já formamos 276 professores
indígenas em nível superior e temos no momento mais 140 que estão cursando",
diz o fundador e diretor da faculdade, Elias Januário. Segundo ele, há
necessidade de abrir novas turmas de licenciatura, pois ainda há demanda de
professores nas aldeias, principalmente com a abertura de turmas de ensino
médio. Do total de formados nos cursos de licenciatura para indígenas, três já
concluíram mestrado e um faz doutorado.
Os cursos têm currículo
intercultural. Ou seja, o conteúdo inclui tanto os conhecimentos universais de
um curso regular quanto os tradicionais indígenas - arte, cosmologia, danças e
rituais. "A vantagem de um indígena fazer um curso intercultural é que os
saberes estarão em um nível de igualdade", destaca Elias. Na visão dele, de
modo diferente de um curso regular, no qual o conhecimento científico se
sobrepõe aos demais, na licenciatura específica para indígenas também os
professores estudantes terão visibilidade, e seus conhecimentos reforçarão a
identidade étnica dos povos.
A faculdade oferece ainda
curso de pós-graduação com especialização em educação escolar indígena, já
concluído por 96 professores. Este mês, mais 52 apresentarão as monografias.
Doutor em educação,
pós-doutor em antropologia, com licenciatura e bacharelado em história, Elias
Januário atua na educação indígena há 14 anos. Ele coordena diferentes grupos
de pesquisa e projetos na área. Entre os projetos estão os de informática para
professores indígenas, realizado em parceria com a Fundação de Amparo à
Pesquisa do Estado de Mato Grosso (Fapemat); de elaboração de material didático
nas escolas indígenas do estado e o Observatório da Educação Escolar Indígena,
em colaboração com a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior
(Capes) e com Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização, Diversidade e
Inclusão (Secadi) do Ministério da Educação.
Publicações - A Faculdade Indígena Intercultural também edita as séries Experiências
Didáticas, adotada como material de apoio pedagógico nas aldeias; Práticas
Interculturais, que engloba temas das etnias atendidas pela educação superior
da Unemat; Institucional, com relatórios de avaliação e projetos pedagógicos
dos cursos, e Periódicos, de caráter mais científico. As obras, produzidas pela
Editora Unemat, são distribuídas gratuitamente a instituições de ensino e de
pesquisa.
Foto: Agência Brasil
Fonte: Portal Ministério da
Educação