Para a professora e blogueira Conceição de Oliveira, mais conhecida como Maria Frô, as mídias digitais podem fazer muito pela imagem dos trabalhadores da educação. Ela compartilhou um pouco de sua experiência com os participantes do 3° Seminário de Comunicação da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE) na manhã desta quinta-feira (16), segundo dia do evento.

"Qual e a imagem que o professor tem na mídia? É o cara que ganha pouco, mas também não faz o seu trabalho direito, vive de licença médica, faz greve e atrapalha o trânsito. Não e assim?", provocou a palestrante. Segundo ela, o educador não tem espaço na grande mídia e, quando tem, é criminalizado. Para exemplificar, Maria Frô afirma que uma passeata da categoria aparecerá na mídia mais como um evento que provoca quilômetros de congestionamento do que como uma mobilização para reivindicar o pagamento do piso e a melhora das condições das escolas de forma a possibilitar um ensino de qualidade. "Nessas avaliações que já viraram moda, quando há sucesso num determinado lugar, a responsabilidade foi do ministro, do secretário de Educação ou do prefeito. Quando aparece o insucesso, a culpa é do professor. É impressionante como se lida de maneira leviana com isso. Não se discute condições de trabalho, tamanho da rede, estrutura da escola", critica.

Nesse contexto de criminalização das práticas sindicais e dos movimentos sociais com um todo, Maria Frô afirma que as redes sociais - como os blogs, Facebook, Twitter, Youtube e outras - despontam como ferramentas de comunicação alternativas que, se bem utilizadas, permitem a desconstrução dessa imagem equivocada. "O Movimento Sem Terra (MST) fez isso muito bem. Eles têm seu portal na internet, suas redes, e conseguiram criar o seu próprio discurso sobre o movimento, dialogando com diferentes estratos da sociedade, mostrando a importância do movimento. Hoje raramente a mídia tem a coragem de fazer o que fazia com o MST na década de 90, quando estampava capas da Veja com o Pedro Stédile segurando uma arma", cita a blogueira.

De acordo com informações recentes divulgadas pelo Instituto Brasileiro de Internet, as pessoas já passam mais tempo navegando na rede do que vendo TV, e o consumo de informações na web tem crescido principalmente com a popularização de dispositivos móveis, como telefones com acesso à internet. Por conta disso, a rede tem pautado cada vez mais a mídia tradicional. Para a blogueira Maria Frô, esse é o momento dos trabalhadores da Educação e dos sindicatos se apoderarem dessas ferramentas para difundir seu discurso. "Precisamos aprender a entender as redes, seu funcionamento, e a produzir conteúdo. Porque se você produz bom conteúdo, ele vai circular. De um blog vai pro Facebook, alguém vê e já leva para outro lugar e, pela quantidade de posts, perfis, blogs em que circula, vai chegar uma hora em que vai ser do conhecimento de todos. Tem um monte de gente por aí que quer nos ouvir", afirmou.

A palestrante acredita que eventos como o seminário promovido pela CNTE podem contribuir para apontar caminhos e orientar aqueles profissionais que ainda não estão familiarizados com as novas tecnologias e todo o potencial que elas oferecem. "O que precisamos entender é que tudo isso são ferramentas. A forma como vamos usar é que vai torná-las efetivas ou não para o que queremos comunicar. Então, criem seus blogs, fortaleçam seus sindicatos, porque essa é uma forma de nos reapaixonarmos pelo debate, pela luta", finalizou.

 

 

Cuiabá, MT - 17/08/2012 00:00:00


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