A favor da cooperação entre os países da América para o combate à prática do trabalho degradante, o Sindicato dos Trabalhadores no Ensino Público de Mato Grosso (Sintep/MT) apoia a realização do I Seminário Internacional de Boas Práticas do Trabalho Decente. A entidade participou da assinatura do memorando que consumou a proposta, na tarde desta quinta-feira (23), no Palácio Paiaguás.
O documento foi assinado pelo governador do Estado, Silval Barbosa; a diretora do escritório da Organização Internacional do Trabalho (OIT), Laís Abramo; e o superintendente regional do Trabalho e Emprego em Mato Grosso, Valdiney de Arruda. A previsão é que o evento ocorre em março de 2013. O governador assinou ainda mensagem à Assembleia Legislativa de Mato Grosso (ALMT) com Projeto de Lei que regulamenta o Conselho Estadual de Erradicação do Trabalho Escravo em Mato Grosso (Coetrae/MT) e o Comitê Gestor do Fundo de Erradicação do Trabalho Escravo (Fete).
Entidades do setor produtivo, do Governo e OIT também assinaram termo de compromisso com o projeto de qualificação integrada. "Trabalho decente é aquele que oferece condições dignas ao trabalhador, para que ele exerça sua função sem prejudicar a saúde e com remuneração adequada", salientou o presidente do Sintep/MT, Henrique Lopes do Nascimento. "Na área da Educação, por exemplo, há inúmeros profissionais em desvio de função por conta de ambientes insalubres, além das múltiplas jornadas exercidas em busca de melhor remuneração", acrescentou.
A luta contra a precarização do trabalho, segundo a secretária de Organização Sindical do Sintep/MT, Marli Keller, é luta constante da categoria e não se limita à Educação. "O conceito do trabalho decente é muito amplo e atinge todos os trabalhadores, por isso todos devem se envolver para que o problema da exploração da mão de obra seja superado, principalmente com relação ao trabalho escravo e trabalho infantil, que ainda persistem no Estado de Mato Grosso".
Silval Barbosa disse que o reconhecimento do problema, a exemplo do que Mato Grosso fez, é fundamental para o enfrentamento. "Mesmo sendo alarmantes, não tivemos medo de mostrar os dados referentes ao trabalho escravo e ao trabalho infantil, pois foi a partir daí que traçamos, em conjunto com instituições e entidades, os planos em prol do trabalho decente".
Para o superintendente regional do Trabalho e Emprego, que coordena o Fórum Estadual de Erradicação do Trabalho Infantil (FEPETI), Valdiney Antônio de Arruda, esse é um momento histórico. "A assinatura desse memorando será muito importante para mudar essa triste realidade que ainda acomete trabalhadores do nosso Estado e em todo o País", afirmou Valdiney de Arruda. A secretária de Inspeção do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), Vera Lúcia Albuquerque, também participou da solenidade. "O exemplo de Mato Grosso, especialmente no que se refere à capacidade de organização, é inspirador", destacou.
Relatório da OIT - Após a solenidade de assinatura, Laís Abramo apresentou o relatório da OIT sobre os avanços dos indicadores do trabalho decente em Mato Grosso. Segundo a diretora, o Brasil se destaca como o País que mais tem avançado no combate ao trabalho forçado. "No caso de Mato Grosso, o projeto de qualificação integrada, entre outras ações importantes, é uma experiência que queremos levar a outros Estados", ressaltou. A diretora da OIT acrescentou ainda que a realização do seminário internacional será outro passo importante. "Esse evento permitirá avanços do trabalho decente em todo o Brasil e nos países que serão envolvidos também".
Conforme o relatório apresentado durante a visita, entre 2008 e 2011, 13.841 trabalhadores foram resgatados de situações de trabalho análogo ao de escravo pelo Grupo Especial Móvel de Fiscalização, em todo o Brasil. A região Centro-Oeste respondia pelo maior número de pessoas libertadas (3.592) nesse período. Também consta no estudo que a formalidade aumentou, mas as taxas em MT são inferiores à média nacional, e persistem fortes desigualdades de gênero e raça. Em 2009, por exemplo, o índice nacional era 54,3% e o mato-grossense, 50,9%.
Trabalho infantil - O relatório também analisou o contexto do trabalho infantil, que é um dos eixos da Agenda do Trabalho Decente. Foi detectada redução da exploração da mão de obra infantil, mas a incidência ainda é elevada em algumas unidades federativas. O número de crianças e adolescentes ocupados entre cinco e 17 anos de idade reduziu em 1,05 milhão entre 2004 e 2009, passando de 5,3 milhões para 4,2 milhões. Em termos percentuais, a incidência do trabalho infantil e adolescente nesse grupo etário reduziu de 11,8% para 9,8%.
A assinatura do memorando também contou com a participação de representantes da ALMT, Procuradoria Geral do Trabalho, Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), Secretaria de Estado de Trabalho e Assistência Social (SETAS), Casa Civil, Secretaria de Estado de Planejamento (Seplan), Sindicato dos Trabalhadores no Ensino Público de Mato Grosso (Sintep/MT) e Central Única dos Trabalhadores em Mato Grosso (CUT-MT), entre outras entidades e empregadores.

Cuiabá, MT - 24/08/2012 00:00:00


Print Friendly and PDF

Exibindo: 5551-5560 de 7589

Facebook

Curta nossa página no Facebook

Twitter

Siga nosso perfil no Twitter