Com cruzes e caixão, o Código Brasileiro de Comunicações, que completou 50 anos ontem (27), foi "enterrado" no início da noite nas escadarias do Teatro Municipal de São Paulo. No cortejo fúnebre que partiu da Praça do Patriarca, representantes de várias entidades, entre as quais a CUT/SP, participaram do ato público para destacar a urgência de um Novo Marco Regulatório das Comunicações, e alertar para a falta de liberdade de expressão nas mídias atuais. "Por que o programa Zorra Total tem um quadro que discrimina e fortalece a discriminação racial em nosso país e a população não tem um canal onde reclamar? E por que a mulher aparece sempre como produto na propaganda de cerveja ou de carro?", questionou Adriana Magalhães, secretária de Imprensa e Comunicação da CUT/SP. "Não é possível que a Rede Globo detenha mais de 300 veículos de comunicação no país, que possa dizer e ditar para todos a sua política de comunicação. Temos um país de diversidade, de homens e mulheres, negros e negras, que hoje não se veem nos meios de comunicação", afirmou a dirigente cutista durante a manifestação pelas ruas do centro paulistano. Jota Reis, do Sindicato dos Radialistas de São Paulo, também criticou o monopólio das comunicações no país, disse que nenhuma emissora de rádio ou TV divulga as greves da categoria e que os movimentos sindical e social são sempre classificados como "baderneiros" pelas mídias tradicionais. Sobre a falta de diversidade na programação, "é importante que tenhamos programas locais que espelhem a cultura do Brasil e não apenas as culturas americana e de outros países", apontou Ernesto Shuji Izumi, Secretário de Imprensa e Comunicação do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região. Marilena Chauí: "o que a mídia brasileira faz é violência cotidiana" "Violência é todo ato de violação física ou psíquica. E o que a mídia brasileira faz é violência cotidiana" avalia a filósofa Marilena Chauí, destaca importância da mobilização para o êxito da campanha do FNDCuí, professora da Universidade de São Paulo. Ela participou do debate que lançou na noite de ontem a campanha nacional "Para Expressar a Liberdade", no Sindicato dos Jornalistas de São Paulo. Ao resgatar o conceito de opinião pública, ligado muito mais ao uso público da razão e à reflexão feita em público, ela apontou a manipulação promovida pelos meios de comunicação "que transmitem preferências e não informações, e que transformam estas preferências A filósofa alertou para o paradoxo entre opinião pública e formadores de opinião e afirmou que "ninguém pode formar opinião por mim, nem pelo meu grupo ou classe. Se há um 'formador de opinião', então, não há opinião pública!". No uso das redes sociais, ela afirmou que "há uma saturação de informações, mas, ao fim, chega-se à conclusão de que não sabe de coisa alguma. E desinformar é controlar", afirmou Chauí. No lançamento da campanha nacional