Algumas conversas e mensagens me passam a impressão de que a eleição do Jair e a ascensão das forças conservadoras estão gerando pânico ou paralisia nos educadores, em especial nos que se filiam às práticas pedagógicas e à filosofia do Paulo Freire. 

Gostaria muito que nosso patrono da educação estivesse vivo para nos iluminar neste momento e orientar a ação de todos nós que acreditamos no caráter emancipador da educação, que parece estar interditado, tanto quanto o sonho de uma sociedade mais “igualitária”, para não dizer “socialista” – palavra que nos pode levar até à prisão.

Ele não está em carne e osso, mas seu legado é o sangue que circula e dá vida a todos nós, bem como a milhares de educadores de todos os países do mundo. 

O importante, no momento, é não perder a cabeça e o coração. Os espaços de nossa atuação continuam abertos não somente nas milhares de escolas onde trabalhamos, como em seus colegiados dirigentes. Cada escola, por lei, deve ter seu conselho escolar, com presença assegurada de professores e funcionários, para fazer valer o Projeto Político Pedagógico e construir as soluções para os problemas que existiam antes das eleições e continuarão a nos desafiar em 2019, 2020, 2030. 

Todos os municípios – e mil deles têm prefeitos(as) de esquerda - possuem (ou deviam...) seu Conselho de Educação, que deve dar os rumos ao currículo das escolas públicas e velar pela implementação local das metas do Plano Nacional de Educação, aprovado por unanimidade em 2014 pelo Congresso Nacional.  

Desde junho de 2015, quase todos os 5.570 municípios e os 26 estados aprovaram seus respectivos Planos de Educação, com estratégias para as escolas universalizarem as matrículas na educação básica, ampliarem a oferta de cursos técnicos para os adolescentes, erradicarem o analfabetismo, atraírem aos estudos 70 milhões de jovens e adultos que não concluíram a educação básica, bem como prepararem todos os seus estudantes para os cursos superiores públicos e gratuitos.

Mas tudo isso – que é assegurado pela Constituição e pela Lei de Diretrizes e Bases - só conseguiremos alcançar se nos organizarmos como profissionais da educação bem formados, sindicalizados e livres das pragas do multiemprego, da incompetência e da idolatria à falsa solução pregada por Meireles e por Guedes – a da pretensa melhor qualidade das escolas privadas, “quanto mais caras, melhores”.  Educação Pública de Qualidade é Direito e ninguém a tira de nossas mãos. Ou queremos nos jogar nos braços do Deus-Mercado? 

Prof. Dr. João Antônio Cabral de Monlevade – Ex-diretor da AMPE/Sintep/MT. Professor Aposentado da UFMT. Consultor aposentado do Senado para assuntos educacionais. Foi integrante do CNE – Conselho Nacional de Educação. Editor do Informativo PRO NOTÍCIAS, informativo voltado aos Profissionais Técnicos Não-Docentes nas escolas públicas brasileiras.

Cuiabá, MT - 14/01/2019 16:11:27


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