O feriado prolongado não tirou o ânimo dos cerca de 340 educadores, de todas as regiões do Brasil, participaram da 7ª Conferência Nacional de Educação. Os trabalhadores vieram a Brasília debater a construção do Sistema Nacional Articulado de Educação (SNE) e do novo Plano Nacional de Educação (PNE), cujas propostas serão apresentadas na Conferência Nacional de Educação (Conae), em 2010.

Na cerimônia de abertura, os participantes foram surpreendidos por uma animada esquete teatral e com a apresentação fora do comum do Hino Nacional, interpretado em diversos ritmos musicais. Além do presidente da CNTE, Roberto Leão, a mesa de abertura foi composta por Paulo Egon, do Ministério da Educação; Antonio Lisboa (CUT); Rodrigo de Paula (Contee); Simone Perecmanis (Andes); Paulo Henrique dos Santos (Fasubra); e Luiz Dourado (Anped).

Leão lembrou aos participantes da importância de todos lutarem, juntos, pela melhoria da educação. "Não daremos um minuto de trégua, enquanto não conseguirmos fazer valer o Piso Salarial. Queremos ver o trabalhador da educação satisfeito com seu trabalho, em uma escola de qualidade", disse.

Depoimentos

"Talvez uma das coisas mais importantes da história desse país seja a Conae. O Piso e o Fundeb são conquistas dessa categoria. Sinto que este é um momento de mudança que renova a esperança". Paulo Egon, MEC.

"Estamos aqui para desenvolver um projeto educacional voltado à classe trabalhadora, isento das necessidades de mercado". Paulo Henrique Santos (Fasubra)

"Que os grandes desafios da educação possam ter um rumo a partir desta conferência, Temos um desafio: que os avanços que conseguimos nos últimos anos não sofram um retrocesso", Antônio Lisboa, CUT.

Valorização profissional        

Está na hora dos educadores brasileiros assumirem as rédeas do processo de organização e gestão da educação básica e de melhorar a formação do licenciando que ingressa na carreira. Esse foi o tom dos debates que abriram o segundo dia da 7ª Conferência Nacional de Educação, em Brasília, com os temas "Organização e gestão da educação na perspectiva de construção do SNE" e "Valorização profissional e Sistema Nacional Articulado de Educação".

O professor Ângelo Ricardo de Souza, da Universidade Federal do Paraná (UFPR), defendeu que os profissionais da educação se tornem sujeitos do processo de organização e gestão da educação básica. " Devemos ser protagonistas da política curricular".

A professora Leda Scheibe, da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), destacou a valorização do profissional de educação e sua formação. "Os planos de carreira dos professores revelam que eles são mais valorizados pelo tempo de serviço do que por especializações acumuladas". E destacou: "é cada vez maior o número de universitários de origem mais pobre nos cursos de licenciatura e pedagogia".

Segundo Alex Ferreira da Cruz, dirigente do Sintep/MT, é preciso lembrar ainda que os funcionários das escolas também devem ser contemplados pelo SNE. "Os funcionários devem ser considerados parte do processo pedagógico", afirmou.

Desafio para classe trabalhadora

No último debate do segundo dia da Conferência, que abordou Políticas em vigor: possibilidades e entraves, Helena Freitas (MEC) e Juçara Vieira (CNTE) falaram dos desafios para a construção do Sistema Nacional Articulado de Educação e de temas que devem pautar a luta de classes.

Em seu discurso, Helena defendeu que a formação continuada deve contribuir com todo o sistema de ensino. "A escola deve ter profissionais que se comprometam com o desenvolvimento da instituição. Quando capacitados, os educadores não podem pensar apenas na sua evolução pessoal e profissional. Eles têm o compromisso de ajudar a desenvolver a escola", afirma.

Helena também listou as características que espera para o SNE. "Ele deve ter caráter orgânico, unitário e abranger a expansão de vagas nas universidades púbicas. Além disso, deve tratar de qualificação, financiamentos e gestão democrática", afirma. A palestrante ainda alertou para que a profissão de educador seja uma carreira atrativa para os jovens.

"O que faremos com a juventude que quer seguir essa profissão? Não é suficiente oferecer o Piso Salarial, formação inicial e continuada. As condições de trabalho devem ser atrativas para que eles se interessem a entrar para a carreira", questiona.

Tributação

Juçara acrescentou um ponto de discussão importante para a luta dos trabalhadores em educação: a estrutura tributária, que "não incentiva a atividade produtiva  e a geração de emprego", afirmou. Segundo ela, a distribuição tributária e de renda é um debate que está diretamente ligado à luta de classes.

No Brasil, o município que mais arrecada recolhe 41% mais do que o que possui a menor arrecadação. "Por isso é preciso perceber que há municípios e municípios", alertou Juçara. De acordo com ela, não há cidadania tributária e "mesmo nós (educadores) temos dificuldade de discutir e enxergar  com transparência essas questões", disse.

 

Fonte: CNTE 

Cuiabá, MT - 13/10/2009 00:00:00


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