O surto sanitário expôs a gravidade do quadro de saúde dos profissionais da educação pública de Mato Grosso e evidenciou a falta de programas preventivos por parte do governo
A realidade da pandemia no estado de Mato Grosso, com mais de 6 mil mortes em virtude da Covid-19, alerta para a ingerência do governo Mauro Mendes em adotar medidas preventivas de enfrentamento ao surto sanitário. Diante desse quadro de inércia governamental, a categoria saiu em defesa de medidas de precaução ao agravo da saúde dos trabalhadores da educação, para além da Covid-19.
Para a secretária de Políticas Educacionais do Sintep/MT, Guelda Andrade, se a Seduc-MT se preocupasse realmente com a qualidade da educação pública no estado, precisaria ter um olhar especial e atento para as condições de trabalho e saúde do trabalhador. A dirigente alerta para a necessidade de se fazer parcerias com a Secretaria de Estado de Saúde, para um atendimento mais focado na saúde dos trabalhadores da educação. “Se o profissional não está bem fisicamente e emocionalmente, ele não vai ter uma boa produção em sala de aula”, esclarece.
As defesas apresentadas pela categoria sobre esse olhar para a saúde do trabalhador estão diretamente relacionadas à qualidade da Educação. “O profissional da educação é um ser humano, constituído de sonhos, desejos, expectativas. Quando esse movimento não acontece o vem a frustração, o desconforto a sensação de impotência e pode causar doenças emocionais, o reflexo disso é o desânimo a falta de vontade de fazer coisas do cotidiano, isso envolve suas atividades de trabalho, o que tem reflexo direto na educação”, afirma Guelda.
A dirigente ressalta que, dentro de um ritmo “normal” de atividades, os impactos na saúde dos educadores já eram significativos, com a pandemia eles se tornaram ainda piores. “Os profissionais estão sendo muito mais exigidos e num viés que eles não estavam preparados. É um momento novo e ainda mais grave com muita tensão”, destaca.
Guelda explica que um número significativo parte dos trabalhadores possuem doenças pré-existentes, como diabetes, hipertensão, entre os mais comuns. Cita ainda a fibromialgia, que tem acometido muitas mulheres, realidade numa categoria com mais de 80% de mulheres. Segundo ela, o quadro que está posto é um desafio para o estado. Se o estado se preocupasse com o sucesso educacional, qualidade da educação pública e gratuita, investiria na prevenção das doenças. Isso seria uma atitude mais humana e inteligente, seria bem menos oneroso para o estado que teria menos trabalhadores doentes, consequentemente menos licença saúde, menos contrato temporário. Bom ressaltar, que com a Pandemia este quadro tem se agravado.
A exigência de reaprender, reinventar as aulas do processo online, se revela ainda pior. “Qual o suporte que Seduc tem dado aos profissionais? Que parceria com a Saúde está sendo realizada para atender esses trabalhadores que já possuem a saúde fragilizada? Nós não temos psicólogos suficientes na rede pública para atendimento. São reflexões que o governo precisa fazer”, defende.
Pesquisas apontam que o emocional fragilizado adoece o físico. “Precisamos de estratégias para avançarmos nesse debate. Primeiro, precisamos compreender que não é possível falar de condições de trabalho, sem falar da saúde do trabalhador. Não dá para fazer educação de qualidade com mais do mesmo, principalmente num cenário como este”, conclui.