“Não vejo necessidade de diálogo para implementar política pública”, diz Amauri Monge

Uma declaração feita pelo secretário Adjunto Executivo da Secretaria Estadual de Educação (Seduc-MT), Amauri Monge, na manhã desta segunda-feira (29/03), durante uma audiência pública que contou com a participação do presidente do Sintep-MT, Valdeir Pereira, da dirigente sindical Sidnei Cardoso e mais meia dúzia de assessores da Seduc, causou espanto aos educadores.

O gestor da Seduc, Amauri Monge, ao ser questionado sobre a falta de uma ampla discussão com os professores a respeito da licitação milionária do estado para aquisição de apostilas e plataforma digital para implementação de um “sistema estruturado de ensino”, disse com todas as letras que “não vê necessidade de discutir políticas públicas com a categoria”. “Políticas públicas não se discutem. O que a secretaria tem que fazer e analisar tecnicamente e avaliar se há viabilidade para implementar. O que importa é se o ensino vai melhorar. Isso sim é maior que qualquer discussão”, frisou Amauri.

O Adjunto Executivo da Seduc disse ainda que é prática dos governos não discutir políticas públicas. “O próprio Plano Nacional do Livro Didático não teve discussão. O que houve foi um estudo e posteriormente, a implantação, então não vejo necessidade agora também. Não precisamos ouvir a base porque temos a certeza de que os professores querem sim essa mudança, porque ela vai melhorar o ensino”, afirmou Amauri.

O presidente do Sintep-MT, Valdeir Pereira, destaca, no entanto, que não debater políticas públicas, especialmente quando o assunto é educação, é apenas um sinal de arrogância e intransigência. “A partir dos debates é que são desenvolvidas políticas públicas que realmente possam dialogar com a realidade vivida no chão da escola. A educação pública não é uma teoria. É preciso levar em consideração a opinião de quem está na ponta desse processo, que são os educadores, e o primeiro passo para isso é promover um amplo debate, algo que está sendo visivelmente negligenciado pela Seduc. Por essa fala do secretário adjunto, constatamos que o governo age deliberadamente de maneira arbitrária”, criticou o dirigente do Sintep-MT.

Sidnei Cardoso, que é 1ª Secretária do Sintep-MT, disse que a proposta descrita no Termo de Referência da licitação aponta total desconhecimento de quem elaborou os critérios enumerados no edital. “Ao ler as páginas desse edital fica nítido que, quem elaborou esse planejamento para a implementação desse sistema de apostilamento de ensino, não conhece a realidade das nossas escolas da rede pública em Mato Grosso. Fazer essa audiência vazia, em plena pandemia, onde a base, que são os educadores, não está participando, muitos por desconhecimento, outros para preservar suas vidas diante dessa pandemia, é apenas cumprir um rito por puro protocolo. O próprio secretário executivo deixou claro para nós que a audiência não tinha como foco dialogar com os educadores, já que para ele, ‘não é necessário discutir políticas públicas”, criticou Sidinei.

O Sintep-MT se posiciona contrário à implementação do sistema de ensino por apostilamento que, além de despejar mais de R$ 500 milhões pelos próximos três anos, nas mãos da iniciativa privada, em detrimento da falta de investimentos no que é público, incluindo as condições de trabalho dos educadores, estruturas físicas das escolas, cumprimento da Lei 510 e RGA, ainda retira do professor, a autonomia no processo de ensino-aprendizagem. “Acreditamos que todo investimento aplicado na educação é importante, mas o sistema estruturado por meio de apostilamento proposto pelo governo, sem que tenha sido amplamente discutidos os prós e contras acaba por retirar a autonomia do professor em sala de aula, engessando o processo de ensino-aprendizagem, sucateando a educação pública, desvalorizando os educadores; isso não podemos aceitar. Educação é algo que se constrói com diálogo e a quatro mãos”, disse Valdeir.

Fonte: Assessoria/Sintep-MT.

Cuiabá, MT - 29/03/2021 17:03:32


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