Projeto que coloca em risco a vida de educadores e estudantes recebe pedido vista

A Assembleia Legislativa aprovou, na sessão ordinária remota desta segunda-feira (05), em primeira votação, o Projeto de lei nº 21/2021 do deputado Elizeu Nascimento (PSL) que coloca as atividades educacionais, escolares e afins como essenciais para o Estado de Mato Grosso.

 Na prática, o Projeto, se aprovado em segunda votação e sancionado pelo governador, vai servir como instrumento para forçar o retorno presencial das aulas sem que as unidades de ensino estejam preparadas para receber profissionais da educação e estudantes com segurança. 

Na sessão plenária do período vespertino desta segunda (05/04) durante a segunda votação, o deputado estadual Thiago Silva (MDB) pediu vistas do PL. “Esse é um projeto que precisa de uma análise mais aprofundada sobre como poderia se dar esse retorno sem colocar em risco a vida das pessoas, por isso, peço vistas para analisar melhor”, disse o parlamentar.

Para o presidente do Sintep-MT, Valdeir Pereira, o PL do deputado bolsonarista, Sargento Elizeu(PSL), atende apenas à pressão de alguns segmentos do sistema privado de Ensino, sem colocar como prioridade a vida das pessoas. “Nós, educadores, somos os primeiros a querer retornar para a sala de aula, no entanto, não podemos fazer isso num momento em que os casos de Covid e de mortes decorrentes dessa contaminação estão subindo exponencialmente. Todos os dias enterramos colegas que foram vitimados por essa doença. Obrigar esse retorno presencial das aulas, é o mesmo que colocar esses profissionais numa câmara de gás”, disse Valdeir.

A defesa do Sindicato dos Profissionais no Ensino Público de Mato Grosso (Sintep-MT), é para que o retorno presencial se de somente após a vacinação em massa da população. “Não tem como o governo garantir que os casos de contaminação não irão explodir com um possível retorno presencial. A verdade é que em muitas unidades escolares, os banheiros estão em péssimas condições, as pias quebradas e a estrutura das salas não é ventilada. Não dá para confinar estudantes numa sala e não ligar o ar condicionado no calor que faz em nossa região. Sendo assim, o risco de contaminação é altíssimo. O sistema de saúde já está colapsado em Mato Grosso, tanto na rede pública quanto na privada, desta forma, aprovar esse projeto é dar uma sentença de morte a pessoas que não terão nem mesmo a chance de serem atendidas”, alertou Valdeir.

Além disso, o sindicalista ainda destaca as diversas pesquisas que revelam o risco maior de contaminação dentro do ambiente escolar, aliado às novas cepas que tem uma transmissibilidade até 60% maior do que o primeiro vírus registrado no início da pandemia. 

Uma pesquisa realizada pela Fiocruz revela que, em escala nacional, a volta às aulas presenciais pode representar um perigo a mais para cerca de 9,3 milhões de brasileiros (4,4% da população total) que são idosos ou adultos (com 18 anos ou mais) com problemas crônicos de saúde e que pertencem a grupos de risco da Covid-19. Isso porque eles vivem na mesma casa que crianças e adolescentes em idade escolar (entre 3 e 17 anos).

O Sintep-MT destaca que espera coerência e responsabilidade por parte do Legislativo estadual. “É preciso levar em consideração a ciência e o cenário atual que enfrentamos em Mato Grosso. Não podemos fechar os olhos para a triste realidade onde, todos os dias, mais mato-grossenses perdem a vida para esse vírus, sendo que muitos estão morrendo nas filas à espera de atendimento. Aprovar esse projeto é acelerar essas mortes numa escala desastrosa, por isso, esperamos que esse PL seja reprovado”, disse Valdeir.

Até está segunda-feira (05/04), segundo dados da Secretaria Estadual de Saúde, já foram 313 mil casos de Covid registrados em Mato Grosso e 7.862 pessoas perderam a vida no estado por causa da doença, sendo 77 só nas últimas 24 horas.

Fonte: Assessoria/Sintep-MT.


Cuiabá, MT - 05/04/2021 18:17:31


Print Friendly and PDF

Exibindo: 431-440 de 7589

Facebook

Curta nossa página no Facebook

Twitter

Siga nosso perfil no Twitter