No Fórum de Mulheres, última atividade realizada antes do início do Congresso da Internacional da Educação, que começa amanhã (22), mais de 300 participantes, de cerca de 20 países, debateram como os sindicatos da educação podem contribuir para a promoção da igualdade de gênero.

Juçara Dutra Vieira, vice-presidente mundial da Internacional da Educação (IE) e presidente do Comitê das Mulheres, abriu o encontro com um breve relato sobre as atividades do Comitê e ressaltou a importância das estratégias para o empoderamento das mulheres e a integração delas às políticas da IE nos próximos quatro anos.

Segundo Juçara, o Comitê de Mulheres da IE produz as políticas de gênero, mas tenta fazer com que essas políticas sejam transversais a todas as ações da IE. "Nós fizemos uma resolução específica que deve ser desenvolvida pela Organização a fim de que nós consigamos nos aproximar do nosso objetivo, que é o da igualdade de gênero, da equidade salarial, o tratamento igualitário e contra toda a forma de discriminação das mulheres, seja no sindicato, na educação ou também na vida política de seus países", ressaltou.

Ela disse ainda que a Conferência de Mulheres realizada em Bancoc, Tailândia, no mês de janeiro, foi muito importante para o fortalecimento da rede de defesa dos direitos das mulheres dentro dos sindicatos. "Com as redes, temos a possibilidade de formular diagnósticos efetivos sobre a realidade de cada país e integrar as estratégias para garantir um maior sucesso na implementação de políticas públicas para as mulheres", concluiu.

Em seguida, a presidente da IE, Susan Hopgood, enfatizou que deve partir dos sindicatos o exemplo de igualdade de direitos e respeito à diversidade. Ela enfatizou que é preciso aumentar o número de mulheres nas lideranças dos sindicatos, incentivando a formação sindicalista do sexo feminino.

Para a presidente da IE, os sindicatos devem fortalecer a luta para que as leis de proteção aos direitos das mulheres transformem-se em políticas públicas que sejam implementadas efetivamente. Outro desafio é manter as meninas na escola até a educação superior. "Mulheres educadas são fundamentais para a erradicação da pobreza e da desigualdade", ressaltou Susan. Entre os motivos do abandono da escola estão a gravidez na adolescência e o trabalho doméstico.

Susan anunciou que e o Dia Mundial do Professor, que será celebrado em 5 de outubro deste ano, terá como tema "Ensinar para Igualdade de Gênero". O objetivo é mostrar o papel fundamental dos professores na ação contra a perpetuação de estereótipos culturais e comportamentos sexistas.

Representantes dos cinco continentes - América, Ásia, África, Oceania e Europa -apresentaram o que está sendo realizado pela equidade de gênero. Fátima Silva, secretária de relações internacionais da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE) e vice-presidente regional da IEAL, destacou que a integração dos sindicatos da América Latina tem fortalecido a luta contra o combate à discriminação de gênero e implementação de políticas de Estado.

Á tarde, os grupos de debate apresentaram suas conclusões sobre os temas igualdade de gênero nos sindicatos da educação, transformação dos estereótipos de gênero por meio da educação, prevenção da violência contra as mulheres, como assegurar o cumprimento de acordos internacionais e leis de proteção às mulheres e analisaram como mensurar os avanços alcançados com as lutas encabeçadas pela IE. Todos concordam que a IE deve assumir o protagonismo e intensificar a defesa desses pontos e do processo de construção da igualdade de gênero no mundo.

Ao final do Fórum, a presidente da IE abriu espaço para apresentação dos candidatos aos cargos de vice-presidência mundial. Juçara Dutra Vieira concorre à reeleição para o cargo de vice-presidente mundial para a América Latina pela 3ª vez consecutiva.

Mulheres no poder: África do Sul dá exemplo

A Ministra da Mulher, Infância e Pessoas Portadoras de Necessidades Especiais, Lulama Xinguana, da África do Sul, convidada especial do Fórum de Mulheres, surpreendeu a todos com a apresentação dos avanços alcançados no país com o fim do apartheid, em 1994. Na África do sul, o percentual de mulheres no Parlamento é de 34%, e no poder Executivo é de 43% e é de 22% o percentual de mulheres presidentes de empresas privadas. Índices que não se comparam a outras realidades, como a do Brasil, por exemplo, em que a representação feminina no Congresso Nacional é em torno de 8% e a média nacional de mulheres que ocupam cargos na política é de apenas 10%. Na média mundial, as mulheres ocupam apenas 5% dos cargos de presidentes de companhias privadas.

A ministra destacou que é "imperativo que as jovens adquiram as competências necessárias para acompanhar as transformações no cenário mundial" e revelou o empenho do país na formação de especialistas nas áreas de ciência e tecnologia. Ela apresentou o programa TECNOGIRLS, que visa a formação de meninas nos cursos de tecnologia da informação, engenharia, matemática e ciências.

Apesar dos avanços, a África do Sul enfrenta o problema da evasão escolar: 50% dos adolescentes estão fora da escola. Para a ministra, é preciso investir mais na educação de qualidade com formação de professores e condições de trabalho.

 

Cuiabá, MT - 21/07/2011 00:00:00


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