O risco de fragmentação dos movimentos sindicais, e o consequente
enfraquecimento da luta pelos direitos dos trabalhadores, as manifestações de
rua em 2013 e o baixo investimento em educação pública foram assuntos de
destaque no painel sindical realizado nesta sexta-feira (17), em Brasília,
durante o 32º Congresso Nacional da CNTE. A conquista de mais direitos para a classe
trabalhadora vem se esbarrando, cada vez mais, em divergências internas entre as
próprias entidades sindicais. O secretário de Relacões internacionais da CUT,
João Felício, alertou para o risco de fragmentação política dessas organizações.
"A disputa não pode ser entre a gente. Se não, seremos derrotados, e usados como
instrumentos da direita". A construção de pautas unitárias e a realização de
ações conjuntas é uma das soluções apontadas pelos integrantes da mesa. Enquanto o Brasil investe apenas 950 dólares por
ano para cada aluno matriculado na rede pública, Cuba chega a pagar cerca de
3.300 dólares por pessoa, no mesmo período. As informações trazidas pelo
presidente do PSTU, José Maria de Almeida, causaram indignação na plateia. "O
Brasil é a sétima economia do mundo, mas os governantes não sabem priorizar os
investimentos", disse. Para ele, o problema da educação no Brasil não é a falta
de recursos e sim o fato de o governo escolher gastar menos com o que é mais
importante. Problemas como esse levaram milhares de
brasileiros às ruas no ano passado, como lembrou a secretária de Políticas
Públicas da CUT, Rosane Silva. "As manifestações de 2013 foram além da pauta
trabalhista: os jovens reivindicaram melhorias na saúde, mobilidade urbana e
moradia". Para ela, os oito anos de mandato de Lula tiveram papel fundamental
para o reconhecimento dos movimentos sociais. "Ele abriu espaço para o diálogo
permanente, aumentando nossa capacidade de luta", opinou. O presidente do Centro de Estudos de Mídia
Alternativa Barão de Itararé, Altamiro Borges, concorda. "Acho que o Brasil
avançou na defesa dos direitos dos Trabalhadores e nas políticas social e
externa". Mas Altamiro lamentou a falta de mobilização em torno da
democratização dos meios de comunicação no Brasil. "A direita brasileira é muito
forte". Para ele, quando o assunto é mídia, "o Brasil é a vanguarda do atraso",
criticou.