É como coração cheio de tristeza que damos adeus a Cidona. Uma companheira militante feminista do MST de Minas Gerais que partiu deixando um legado de luta e esperança por um mundo melhor. Cidona marchou conosco em 2010 de Campinas à São Paulo (https://www.youtube.com/watch?v=myXa1JFSZ9Y ), partiu na última sexta-feira (27), era moradora do assentamento Franco Duarte, no Vale do Jequitinhonha.

Cidona ficou acampada anos na BR 367, mas não parou de lutar pela Reforma Agrária e pelo feminismo depois de assentada. Sempre ativa nas reuniões e manifestações, Cidona animava a luta com esperança, alegria e combatividade. Você fará muita falta Cidona, mas grande guerreira pode ter certeza que continuaremos ecoando sua voz, seu canto em todas as lutas por um mundo livre e transformado!

Voa querida, voa. E no que pudermos, viva!

A vida é sopro. Como saber do último?
Nós duas acocoradas ao pé do borralho, saia arribada pro agachamento durar o tempo da prosa, larga.
Eu, ria das tuas perguntas. Tu, das minhas respostas. e vice-versa.
Igualmente diferentes. Diferentemente iguais. sonoridade, talvez tenha essa textura.
houvesse adélia te conhecido, seria outro o poema. a palavra esbelto não faria sentido, tão pouco ser pesado o cargo de carregar bandeira. "pesada é a vida com a barriga enconstada no fogão". [sobre meu lombo, eu mesma escolho]

pesada Cidona, seria a luta, sem tua alegria.
dançar, sem tua voz. acordar, sem tua poesia. marchar, sem teu ânimo.
o cotidiano, sem tua toda disposição. o feminismo, sem tua síntese.

"a mulher largou o fogão pra fazer revolução".
nem preciso fechar os olhos pra te ouvir. choro.

[que ninguém que não viva com as latas d'agua na cabeça, no corte de lenha pro mexido do dia e família no lombo, se atreva a chama-la de ultrapassada e panfletária]
pesado querida, seria ser mulher sem ter andado por esse vales contigo, sem ter vivido a idéia radical de defendermos juntas que nós mulheres somos gente, agindo. tão simples quanto isso - feminismo.
por tudo, agora é tão pesada tua falta. pesado saber ser resultado do trabalho e da vida, maldito perfil epidemiológico da gente nossa, que tudo dá para altera-lo e nada recebe em vida.
houvesse adélia te conhecido, concluiria:
Mulher é indobrável. Tu és.

que o peso não nos dobre, e se dobrar, que não nos quebre.

Obrigada, nega. Somos muitas a te agradecer.
Amor e luta enquanto houver vida.
Voa querida, voa. E no que pudermos, viva!

Débora Antoniazi Del Guerra
da Marcha Mundial das Mulheres

Fonte - Marcha Mundial da Mulhers

Cuiabá, MT - 03/07/2014 12:25:28


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