Apenas as cotas raciais para a entrada no ensino superior não garantem igualdade entre negros e brancos a longo prazo, avalia José Vicente, doutor em educação e reitor da Universidade Zumbi dos Palmares.

`As cotas são uma ilusão do fim do problema porque o problema no fundo não são as cotas, e sim a igualização`, analisa. `As cotas cumprem um objetivo importante, que é mudar o paradigma e criar caminhos alternativos, mas em longo prazo não respondem às necessidades nem dos negros nem do Brasil em relação à igualdade.`

Vicente acredita que, além das cotas, são necessárias outras medidas universais e pontuais que, no seu conjunto, ajudariam a diminuir o grau de desigualdade entre negros e não-negros no país. Entre elas, aumentar o número de negros nos espaços em que se decide a vida nacional, como no Congresso, e encaminhar os jovens que já estão no ensino superior para o ambiente corporativo.

`A partir do Prouni, Fies, Pronatec e cotas, nós chegamos a 700 mil jovens negros no ensino superior. Antes se falava que não contratava negro porque não era qualificado, mas agora temos quase um milhão`, analisa.`Precisamos produzir políticas públicas para que esse grupo que cumpriu o requisito entre no mercado de trabalho.`

Racismo na literatura

Em 2012, duas obras do escritor Monteiro Lobato foram alvo de polêmica por conterem passagens racistas. Entre os trechos que justificariam a conclusão de racismo em `Caçadas de Pedrinho` estão alguns em que Tia Nastácia é chamada de negra e comparada a uma `macaca de carvão`.

José Vicente acredita que este tipo de obra não deveria ser distribuída na rede de ensino. `Se nós somos uma sociedade que define o racismo como algo odioso, que construímos legislações para combater todo tipo de manifestação do racismo, e se temos obras que estimulam isso, devemos mantê-las? Parece que há um contrassenso`, afirma.

Para o reitor da Faculdade Zumbi dos Palmares, é necessária a contextualização histórica caso tais obras continuem sendo utilizadas em escolas. `Creio que devemos manter o registro dos tempos, mas precisamos contextualizá-lo para um fundamento que a sociedade escolheu como virtude`, afirma.

Fonte: UOL Educação.

 

Cuiabá, MT - 09/12/2014 15:37:38


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