Em Mato Grosso, mais de 8% das crianças e adolescentes entre 4 e 15 anos estão fora da escola, grande parte deles, por causa do trabalho precoce. Com pequenas iniciativas é possível mudar essa realidade e ainda alertar os pais sobre a importância do estudo e descanso para os menores de idade. Para alertar sobre a necessidade de sensibilização sobre esse problema, em 2002 a Organização Internacional do Trabalho (OIT) instituiu o Dia Mundial de Combate ao Trabalho Infantil.

Para se retirar crianças e adolescentes da exploração, um dos meios apontados pela OIT é a Educação. Por isso, em Cuiabá, uma professora decidiu realizar um projeto para esclarecer aos alunos conceitos como trabalho infantil e infanto-juvenil e os direitos conquistados através do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA).

 

Com palestras curtas, vídeos e brincadeiras, a professora Daniela Vilela, da Escola Municipal de Ensino Básico Orlando Nigro, no bairro Pedregal, ensina que trabalho é coisa de adulto e que o principal dever de um menor de idade é estudar para construir um futuro melhor. Esse trabalho já é realizado há alguns anos e trouxe consciência para dezenas de estudantes.

“Eu fiquei sabendo no projeto que criança não pode trabalhar e que tem direitos. Também aprendi que depois de 14 anos pode trabalhar como menor aprendiz, mas não pode mexer com máquinas pesadas, produtos químicos e ficar depois das 10 horas da noite. Tinha que ter gente para não deixar os pais explorarem as crianças”, resume Rafael Costa de Arruda Ribeiro (11) e aluno do 6º ano.

 

Para Thalita Alves de Assis (11), aluna do 6º ano, os jogos ajudaram a entender quais são os direitos das crianças e adolescentes. “O Estatuto da Criança e do Adolescente fala que não pode ficar vendendo coisas na rua e outros trabalhos. Tem que estudar e quando for menor aprendiz ter tempo pra descansar e dormir bem, não pode trabalhar igual adulto”.

Há quatro anos Bruno Canabarra de Souza (11) que hoje é aluno do 6º ano, participa do projeto, onde aprendeu que criança tem que estudar e brincar. “As crianças às vezes precisam de dinheiro para ajudar em casa ou para comprar as coisas que precisam. A gente aqui na escola nem tem esse tipo de ideia porque não temos idade, só depois dos 14 que pode começar a trabalhar, mas não é como adulto faz”.

“Se a criança começa a trabalhar, não estuda ou se estuda não aprende, porque está sempre cansada. Minha mãe já tinha me falado isso, mas no projeto aprendi que a gente pode denunciar quando vir uma criança trabalhando”, conta a aluno do 6º ano, Giovana Eduarda Miranda de Moura (11).

A secretária adjunta de Políticas Educacionais do Sindicato dos Trabalhadores no Ensino Público de Mato Grosso (Sintep/MT), Maria Luiza B. Zanirato, explica que na escola é possível desnaturalizar o trabalho infantil e do adolescente, pois ainda existe uma cultura de que o trabalho “dignifica”, independente da idade.

“Em muitos casos, a exploração do trabalho da criança é vista como benéfica pelos pais, para que ela cresça dando valor ao trabalho. O dia 12 de junho serve como um alerta para a sociedade de que ainda não conseguimos erradicar o trabalho infantil e não vamos conseguir sem aumentarmos o financiamento da educação, para que não seja negado o direito de estudar”, enfatiza Maria Luiza.

 

Assessoria Sintep/MT

Cuiabá, MT - 09/06/2017 18:07:36


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