O Sindicato dos Trabalhadores no Ensino Público de Mato Grosso (Sintep/MT) participou esta semana (23.04)), da apresentação do Anuário dos Conflitos no Campo - Brasil 2018, editado pela Comissão Pastoral da Terra. O livro registra o número de violência e assassinatos cometidos no país, com dados estaduais, na disputa pela terra, água, conflitos trabalhistas e contra os direitos humanos. Os indicadores revelaram aumento de 4%, em relação ao ano anterior, nos crimes cometidos contra a parte ‘invisível’ da sociedade; camponeses, indígenas, sem terras.

Maria Luiza Zanirato, secretária adjunta de políticas educacionais do Sintep, destacou a importância das informações serem trabalhadas nas escolas para desvelar os problemas sociais assegurando “uma educação cidadã e de emancipação para nossos estudantes, deve garantir conhecimento das realidades sociais e ser indutora para a mobilização”. 

Outro destaque do Anuário em 2018 é o protagonismo feminino nas lutas, ele faz homenagem a todas elas dedicando a publicação a Marielle Franco e a irmã Alberta Girardi, duas batalhadoras pelos direitos humanos. As imagens internas dessa edição são registros feitos por mulheres, o que “significa o emponderamento ao defenderem a vida no campo”, afirma Maria Luiza.

Os Conflitos no Campo, em Mato Grosso, atingiram 28 mil pessoas. Isso significa mais violência física, ambiental e aos direitos humanos. No estado, os conflitos pela terra chegaram ao último estágio, com dois assassinatos, uma tentativa e quatro ameaças de morte, além de 73 pessoas agredidas. Dos 54 conflitos registrados, 39 foram motivados pela violação de direitos da terra. Uma revelação do Brasil Colônia, no século 21, quando se olha os crimes de pistolagem, com 1.174 registros em um ano. A violência no estado tem endereço nos municípios de Colniza, Nova Guarita, Juruen  Novo Mundo. Concentra-se onde ainda existem recursos naturais e humanos para serem expropriados.

Essa violência tende a se intensificar com a disputa do poder econômico frente aos direitos sociais, já mutilados na gestão Bolsonaro. Nesses enfrentamentos aparentemente silencioso aos trouxas, na versão Harry Potter do termo, ou a maioria da sociedade urbana, alheia ao universo paralelo da luta do campo, meio ambiente e até mesmo pela água bem universal, são os indígenas os maiores alvos.

Segundo avaliado nas pesquisas, a vitória do presidente Jair Bolsonaro estartou os ataques que intensificaram conflitos nas terras das várias etnias do território mato- grossense. No primeiro turno eleitoral 2018, conforme os registros do Anuário, houve um aumento de 44,3%, no período, dos conflitos registrados, envolvendo indígenas. Os números revelaram uma resposta ao anseio de segmentos sociais que apoiam a política defendida no atual governo, de desmanche dos territórios indígenas.

Na dizimação moderna os ataques vão da expulsão dos territórios, a aniquilação histórica e cultural dos povos, até o roubo de madeira e minério, sem contar a contaminação das águas, matas com o uso dos agrotóxicos nas plantações, até o assoreamento dos rios, com a construção de hidrelétricas. Num domínio evidente da privatização da água.

Outra área investigada pelo Anuário foram os conflitos trabalhistas, esses registraram aumento de 30%, em relação a 2017. Nesse tipo de conflito, os estudos da Pastoral preveem danos ainda maiores para 2019, gerados pela transferência do Ministério do Trabalho para a coordenação do Ministério da Economia. “Haverá uma redução das notificações de trabalho escravo, pois houve desmanche do quadro de profissionais que faziam a investigação”, esclareceu Inácio Werner, da Pastoral da Terra.

Assessoria/Sintep-MT

Cuiabá, MT - 25/04/2019 16:18:06


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