De pouco adianta falar de outras coisas quando está em jogo nossa vida. Ainda mais  quando a onda de contágio e de mortes vai-se espalhando pelo mundo e chegando às comunidades onde vivemos.

Ligamos a TV, acessamos a internet, contatamos nossos parentes e amigos e o tema das precauções, dos cuidados, das orientações oficiais e dos agentes da saúde nos chega cada vez mais premente e nos deixa cada vez mais pre-ocupados. Nem adianta passar dados de infectados e de mortos que entre uma hora e outra perdem a atualidade. Nem mesmo notícias alvissareiras da China e da Coreia do Sul nos acalmam.

Mas dão instruções preciosas, que começam a nos dar esperanças.

Além do necessário e radical isolamento – não só dos atingidos, e sim, de toda a população – importa analisar dois fatores que estão influindo decisivamente no combate à endemia: a cultura e a educação. 

China e Coreia – embora não estejam tão presentes em nossos livros didáticos e em nossos currículos – são países que têm em sua história uma cultura multimilenar e se notabilizaram pelas políticas educacionais de invejável qualidade.

O desempenho de seus estudantes é visivelmente superior ao da maioria dos países, inclusive ao do Brasil. Interessante notar que a universalização e gratuidade da educação básica são características comuns conquistadas em regimes políticos diferentes. A China de 1,3 trilhão de habitantes é socialista; e a Coreia de 52 milhões é capitalista. Mas cada uma das famílias dos dois países não só tem o direito como a segurança de contar com escolas gratuitas e próximas de suas residências para suas crianças e adolescentes. Outra ligação umbilical entre a cura da enfermidade e as políticas educacionais se mostra na pesquisa científica das universidades – essa desenvolvida não só na China e Coreia, Japão e Vietnam, como também em muitos países dos cinco continentes.

Lutemos para que o atual ritmo das políticas educacionais do Brasil – desprestigiando apesquisa das universidades públicas, descuidando das fontes de financiamento da educação básica e dos salários de seus profissionais e, reconheçamos, abandonando os 77 milhões de brasileiros(as) adultos(as) que não concluíram os estudos a que têm direito (exatamente os que estão mais expostos ao coronavírus) - se reverta imediatamente em mobilização social e ações de um Estado que invista em educação e cultura e possa celebrar a curto prazo a superação deste flagelo que não merecemos.

Professor João Monlevade, publicado no ProNotícias, In formativo dos Profissionais da Educação (nº 191).

Cuiabá, MT - 25/03/2020 10:25:18


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