Temos denunciado a construção e reprodução das desigualdades sociais e econômicas do Brasil. Fundadas no genocídio de povos indígenas, nos séculos de escravidão, nas regras de acesso à propriedade da terra, nas injustiças salariais, elas contribuem para a infelicidade da maioria dos(as) brasileiros(as).

Durante a pandemia, perto de 100 dias de duração, podendo chegar a 100 mil óbitos, as desigualdades motivaram novos sofrimentos: embora o Sistema Único de Saúde tenha sido evocado como instrumento de superação das desigualdades no enfrentamento ao coronavírus, é difícil esconder as dificuldades dos mais pobres em curar seus males.

Parece-nos importante denunciar também as desigualdades na educação, como forma de colaborar em sua superação. Em primeiro lugar, embora não se possa negar esforços institucionais – como a universalização da oferta de ensino obrigatório, que hoje se estende às crianças de 4 anos aos adolescentes de 18 – são inegáveis as limitações na qualidade das escolas públicas, em relação às escolas privadas. Entre estas últimas não são poucas as desigualdades, confirmadas pelo valor das mensalidades – que vão de R$ 300,00 a R$ 4.000,00, das creches ao ensino médio. Já repararam que as pequenas escolas, de módicos custos, estão à beira da falência nesta pandemia?

A polêmica sobre o adiamento ou não das provas do ENEM revelou interesses escusos de escolas de ensino médio que nos últimos 10 anos se revoltaram com os “privilégios” das leis de acesso às universidades por cotas para os alunos pobres e agora se negam a pagar a conta da pandemia com a perspectiva de prejuízo de seus pupilos.

Mas existem desigualdades mais gritantes no seio da educação pública. Por que o governo federal e os estaduais gastam de três a quatro vezes mais com seus alunos das graduações superiores do que com os da educação básica? Por que os professores das universidades (federais e estaduais) têm salários duas a quatro vezes maiores que seus colegas da educação básica? 

Outras desigualdades parecem invisíveis: embora as leis garantam matrícula gratuita para quem não concluiu o ensino médio na idade própria, de 77 milhões de pessoas nestas condições, somente 3 milhões estão matriculadas. Por que existem cursos de pedagogia e licenciaturas para docentes e se contam nos dedos as vagas gratuitas para formar os outros profissionais da educação?

A pandemia revela que somos todos(as) iguais perante a vida e a morte. Aprendamos sua lição: diferenças nos enriquecem, desigualdades nos empobrecem e nos matam. E atenção: elas nos matam aos poucos, enquanto vivemos. Viva a Vida! Viva a Igualdade! 

Professor João Monlevade

PRO NOTÍCIAS 205 Boletim In-Formativo dos Funcionários da Educação Básica 


Cuiabá, MT - 10/06/2020 17:36:39


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