Análise jurídica registrada por uma consultoria especializada em direito sindical concluiu que cumprimento da Lei Constitucional deve ser prioridade de governos
Os profissionais da educação da rede estadual e demais servidores do poder executivo reafirmaram, a partir de análise realizada por consultoria Jurídica, aquilo que os “santos de casa” já haviam constatado previamente: o governo Mauro Mendes escolheu dar o calote na recomposição salarial dos profissionais da educação.
“Há três anos (2018, 2019 e 2020) o governo do estado de Mato Grosso descumpre a Constituição Federal e atropela o direito dos trabalhadores ao adotar publicamente argumentos falaciosos para não pagar a Revisão Geral Anual (RGA)”, aponta o dirigente do Sindicato dos Trabalhadores no Ensino Público de Mato Grosso, Orlando Francisco.
Às vésperas de novo ano eleitoral (2022), o governo busca amenizar as perdas dos servidores, ao anunciar o possível pagamento do débito da RGA, de 2018. Apesar do anúncio, no mês da data base dos educadores da rede estadual, o Sindicato dos Trabalhadores no Ensino Público de Mato Grosso (Sintep/MT) não retrocede na defesa de direitos na campanha salarial.
Para o Sindicato, dois pontos recentes na ação do governo devem chamar a atenção da população. O primeiro é que assume o calote nos servidores, mais ainda apresenta um percentual inferior ao débito. Outro fato é o de divulgar a recomposição inflacionária como aumento salarial. “Não há aumento, o RGA é correção das perdas. Não se trata de ganho real”, destaca o dirigente do Sintep/MT.
O Sintep/MT, bem como o Fórum Sindical, o qual tem assento, considera a medida inaceitável. “Sempre buscamos o diálogo, até porque somos representantes legais da categoria, e a lei nos outorga a participação nos debates com o governo. Mas, a atual gestão sempre preferiu usar a imprensa como mediadora das políticas oficiais, num desrespeito às instituições legalmente constituídas”, afirma Orlando Francisco.
Os educadores exigem o pagamento do calote da RGA de 2018, 2019 e 2020, e atualização pelo INPC (Índice de Preço ao Consumidor); recomposição da RGA para 2021, com as respectivas correções. “Vamos insistir nos contraditórios desse governo, que dá calote na RGA, descumpre a Lei da Dobra do Poder de Compras e ainda, se vangloria por pagar salário dentro do mês trabalhado, com o dinheiro do próprio trabalhador. Faz gentileza com chapéu alheio”, afirma o dirigente.
CONSULTORIA
A consulta realizada, por um escritório de advocacia que atua com direito sindical, deixou evidenciado que o governo Mauro Mendes fere o “princípio da legalidade''. O governo descumpre a Constituição Federal, no artigo 37, que dedica um capítulo ao direito de os servidores públicos terem asseguradas a recomposição inflacionária.
Diz a análise jurídica “Cada direito corresponde um dever da garantia constitucional estabelecida no inciso X do artigo 37 da Carta Magna/88 instituindo-se para o Estado a obrigação de rever, anualmente, a remuneração de seus agentes públicos”.
A conclusão da consultoria reafirma a constatação do Sintep/MT, de que o governo Mauro Mendes sempre priorizou uma suposta equalização das contas públicas com o sacrifício dos direitos dos trabalhadores no serviço público. “É inaceitável”, conclui.