Mais de 20 entidades da sociedade civil brasileira, movimentos sociais, entidades ambientalistas e grupos de pesquisadores lançaram oficialmente, na quinta-feira (07), a Campanha Permanente contra o Uso dos Agrotóxicos no Brasil. A ideia é iniciar um debate com a população sobre a falta de fiscalização, uso, consumo e venda de agrotóxicos, a contaminação dos solos e das águas e denunciar os impactos dos venenos na saúde dos trabalhadores, das comunidades rurais e dos consumidores nas cidades.

A campanha prevê a realização de atividades em todo o país. Em Mato Grosso, está previsto um seminário de lançamento da campanha nos dias 02 a 04 de junho, articulado com o Dia Mundial do Meio Ambiente, comemorado no dia cinco de junho (05/06).

O secretário-executivo da Articulação Nacional de Agroecologia (ANA), Denis Monteiro, apresentou os objetivos da campanha. "A primeira questão é que nós precisamos estabelecer uma coalizão, uma convergência ampla dos movimentos da área da saúde, da agricultura, comunicação e direito, para fazer a denúncia permanente desse modelo baseado no uso de agrotóxicos e transgênicos que tornou o Brasil campeão mundial do uso de agrotóxicos; e os impactos são gravíssimos na saúde dos trabalhadores, no meio ambiente, na contaminação das águas, '' afirmou.

Segundo Denis Monteiro, além do caráter de denúncia, a campanha pretende também apresentar à sociedade o modelo proposto pelas entidades, mais saudável, baseado na pequena agricultura. "Outro campo de articulação é mostrar para a sociedade e avançar na construção de outro modelo de agricultura, baseado na agricultura familiar, camponesa, em toda sua diversidade, dos povos e comunidades tradicionais, assentamentos de reforma agrária, e que este modelo sim pode produzir alimentos com fartura, alimentos de qualidade, com diversidade e sem uso de agrotóxicos. Temos estudos que mostram que a agroecologia é viável, produz em quantidade e em qualidade, e o local para a agroecologia acontecer são as áreas da agricultura familiar. Então, outro campo de articulação importante é avançar na construção destas experiências em agroecologia que a gente já vem construindo, multiplicá-las pelo país, mostrando que este é o futuro da agricultura, e não vai ter futuro para o planeta se a gente não construir este modelo alternativo ao modelo que está aí,'' frisou.

Ele aponta ainda que a atuação no âmbito das políticas públicas também se constituirá em um eixo importante da campanha. "A Anvisa tem um trabalho de análise de resíduos de agrotóxicos e alimentos, que precisa ser ampliado para mais culturas, ter aumentada sua abrangência; está também fazendo reavaliações de agrotóxicos que têm um impacto terrível na saúde, propondo restrição ao uso e banimento de produtos. Por outro lado, precisamos avançar nas políticas direcionadas à agricultura familiar, para que elas possam fomentar o resgate da biodiversidade e possam fortalecer as experiências de comercialização direta dos agricultores familiares com os agricultores. O Programa Nacional de Alimentação Escolar precisa ser efetivado, para garantir uma alimentação de melhor qualidade nas escolas e que o dinheiro público usado para alimentação escolar seja destinado à compra da agricultura familiar - a lei aprovada ano passado obriga que no mínimo 30% sejam destinados para a compra da agricultura familiar. Temos que lutar para que esta conquista seja efetivada''

A campanha nacional contra o uso de agrotóxicos também promoverá iniciativas ligadas à educação - com a produção de cartilhas para as escolas - e realizará seminários regionais e audiências públicas. O Brasil está em primeiro lugar no ranking dos países que mais usam agrotóxicos no mundo desde 2009. Para se ter uma ideia da dimensão, é como se cada brasileiro consumisse, ao longo do ano, cinco litros de veneno.

 

 

 

Cuiabá, MT - 11/04/2011 00:00:00


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