“Temos a clareza de que o currículo é marcado pela visão de mundo de uma determinada sociedade e que a prática escolar vai refletir essa visão de mundo.
 
A escola ao adotar uma concepção curricular, está  definindo politicamente ao mesmo tempo que tipo de cidadão se quer formar.
 
O Sintep-MT, defende uma  organização curricular numa concepção de escola unitária , onde o  ser humano é concebido como ser ativo, crítico, construtor de sua própria cultura, da história e da sociedade em que vive. Pra tanto, é imprescindível seu acesso a uma escola que, além de formação ampla, desenvolva valores e atributos inerentes à cidadania. Uma escola que estimule e organize a luta contra toda discriminação e opressão de gênero, raça/etnia, geração, orientação sexual.”
 
  Com essas colocações o presidente do Sindicato dos Trabalhadores no Ensino Público do Estado (Sintep-MT), Henrique Lopes do Nascimento abriu o Colóquio sobre Concepções Curriculares promovido pelo Conselho Estadual de Mato Grosso (CEE-MT), dia 31.03.
 
“É preciso ter cuidado sobre os debates de concepção curricular para que a discussão não seja feita sobre uma lógica rasa, de achar que o que está impedindo a qualidade da educação no Estado de Mato Grosso é apenas a adoção da concepção curricular. Se fosse assim, bastava mudar para um novo modelo que o problema estava resolvido”, destacou Nascimento.
 
Representantes de diferentes instituições apresentaram as visões sobre as concepções curriculares adotadas nas redes de ensino, em especial sobre Ciclo de Formação Humana, implantado na rede estadual, conforme a resolução 252/2002, e por alguns municípios no Estado. Adotado, porém não praticado nas escolas de acordo com a sua concepção, argumentou a professora da Universidade Federal de Mato Grosso, especialista em currículo e defensora do Ciclo de Formação Humana, Jorcelina Elizabeth Ferreira.
 
A professora Jorcelina foi uma das participantes do Colóquio. Conforme ela, é necessários que os professores se apropriem da conceituação de Ciclo de Formação, pois o que temos atualmente são profissionais impregnados da concepção seriada. Para ela, é compreensível, mas não aceitável que isso ainda aconteça. “São mais de 200 anos dessa prática”, argumenta. Porém, destaca que a formação continuada, promovida pelo Estado deveria ter dado conta dessa construção de conhecimento e ainda não o fez.
 
“Estudei numa época em que escola era de reprovação. Eu tenho satisfação em não pensar mais assim. Como disse o presidente do Sintep-MT, a política pedagógica não é neutra. Temos opções, e fazemos escolha ao definir um tipo de escola. Quando escolhemos a que reprova estamos fazendo uma escolha de um tipo de sociedade”, destacou.
 
Para Jorcelina o professor deve definir qual o trabalho pedagógico que desenvolverá com os alunos. Para isso é necessário domínio da concepção curricular.  E esclarece: “o Ciclo compreende um processo curricular desenvolvido durante três anos, diferente da prática seriada, que é anual. Não podemos falar de aprovação automática ou qualquer prática no sentido de reprovação, se o processo de aprendizagem no Ciclo não está concluído em 12 meses. O problema é que o Sistema de Educação na rede estadual, que adotou o Ciclo, trabalha dentro da metodologia seriada.  “O calendário é anual, as atribuições de aula são anuais, o PPP é anual”.
 
Para Henrique Lopes, não importa a concepção curricular adotada se com ela não vier assegurada as condições mínimas para que se desenvolva o processo de ensino aprendizagem. “É preciso que o Estado, como principal indutor das políticas públicas, se responsabilize mais, assegure os recursos que são da educação na educação e adote práticas necessárias.  Basta tentar reverter algumas questões e investir na estrutura que iremos coletar os resultados que todos almejam”, concluiu.
 
O Colóquio reuniu também representantes e dirigentes da Secretaria de Estado de Educação (Seduc-MT), Sindicato das Escolas Particulares (SInepe-MT), vice-presidente e conselheiros do Conselho Estadual de Educação, professores da Univag, UFMT, Secretaria Municipal de Várzea Grande, professores (as). A discussão teve como mediadora a conselheira Maria Luiza Zanirato.
 

 

Assessoria/Sintep-MT
Cuiabá, MT - 06/04/2015 10:21:21


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