Economista Abraham Weintraub será o substituto do colombiano Ricardo Vélez Rodriguez.

A indicação de Abraham Weintraub como novo ministro da Educaçãodo governo Jair Bolsonaro foi recebida com críticas e ressalvas por especialistas e representantes do setor ouvidos pelo G1. Weintraub foi anunciado nesta segunda-feira (8) após a demissão de Ricardo Vélez Rodríguez.

O novo ministro era secretário-executivo da Casa Civil, cargo considerado o "número 2" da pasta de Onyx Lorenzoni. Leia abaixo os comentários e análises sobre o nome e as metas que acreditam ser prioritárias para o novo chefe do MEC das seguintes entidades:

Cecilia Motta, presidente do Conselho Nacional de Secretários de Educação (Consed)
Luiz Roberto Liza Curi, presidente do Conselho Nacional de Educação (CNE)
Maria Helena Guimarães de Castro, ex-presidente do Inep (1995 e 2002) e ex-secretária-executiva do MEC
Daniel Cara, coordenador-geral da Campanha Nacional pelo Direito à Educação (CNDE)
Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE)
Movimento Nacional em Defesa do Ensino Médio
Associação Nacional de Educação Domiciliar (Aned)
 

PERFIL DO INDICADO
Em nota, Luiz Roberto Curi, presidente do CNE, afirma que tem expectativa positiva com o novo mandato.

"O CNE declara ser muito positiva a expectativa da chegada do novo mandato do ministro. O CNE, como um organismo de Estado trabalha em cooperação e sintonia com o MEC." - Luiz Roberto Curi, presidente do CNE
O Movimento Nacional em defesa do Ensino Médio questionou a experiência do indicado com a área.

“O nome é uma preocupação porque é uma pessoa mais ligada com o mercado financeiro e seguridade social do que propriamente educação. O fato de ser um professor não quer dizer que seja alguém da área. Então o que preocupa é não termos alguém no MEC vinculado a área da educação, alguém que seja conhecedor dos problemas da educação brasileira.” - Movimento Nacional em defesa do Ensino Médio.
Daniel Cara, coordenador-geral da Campanha Nacional pelo Direito à Educação, destaca a ligação do novo ministro com o grupo do escritor Olavo de Carvalho.

“Vélez foi indicado por Olavo de Carvalho, mas circulava entre os militares, pois consta que era professor emérito da Escola de Comando e Estado Maior do Exército. Abraham Weintraub é ligado a Olavo de Carvalho e é também próximo do ultraliberalismo de Paulo Guedes, em especial da Reforma da Previdência. Mais uma vez o MEC está entregue a um homem dividido entre dois pilares do governo Bolsonaro. E, novamente, teremos um ministro que não entende de educação, especialmente de educação básica pública. A tendência é ele querer combinar guerra cultural olavista com privatização do ensino.” - Daniel Cara, coordenador-geral da Campanha Nacional pelo Direito à Educação.
A Associação Nacional de Educação Domiciliar (Aned) aprovou a indicação.

"Trata-se de um nome que, com certeza, foi escolhido com todos os critérios necessários para promover e modernizar a educação brasileira, bem como superar as dificuldades de gestão enfrentadas pelo ex-Ministro (Ricardo Velez)." - Associação Nacional de Educação Domiciliar (Aned)
A presidente do Consed mostrou expectativa com o fato de o novo ministro ter "experiência" na área.

“Esperamos que ele faça uma gestão democrática, discuta as necessidades e dificuldades que os estados e municípios têm para gerir a sua educação. As críticas ao ministro anterior eram em relação à falta de gestão e este novo ministro me parece ter experiência nesta área. Um gestor só é bom quando sabe escolher as pessoas” - Cecilia Motta - presidente do Consed
A Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE) criticou a atuação ligação do indicado com o mercado financeiro.

“Coerente com o governo medíocre e privatista do Bolsonaro e um perigo para educação pública brasileira. A experiência de atuação no mercado financeiro desta pessoa poderá levar a negação do direito social e humano da Educação e aprofundar a educação como mercadoria. Precisamos continuar combatendo esta concepção privatista para a educação brasileira." - CNTE
 
PRIORIDADES DO MEC
Para o Movimento Nacional em defesa do Ensino Médio, o Plano Nacional de Educação (PNE) deve ser a referência.

“A prioridade [da nova gestão] tem que ser cumprir com as metas do Plano Nacional da Educação, que busca garantir o empenho dos governos em assegurar o custo aluno e qualidade de ensino, formação de professores, ampliação do ensino médio, educação infantil, são as metas que estão no PNE que estão sendo ignoradas sistematicamente pelos governos”, informou o Movimento Nacional em defesa do Ensino Médio.
O PNE também deve ser o foco, na opinião da CNTE.

"O Brasil tem uma lei Federal para as políticas educacionais, que é a lei 13.005/2014 (Plano Nacional de Educação 2014-2024). Logo, qualquer que seja o ministro, ele ou ela tem a obrigação e o dever de cumprir as metas e estratégias do PNE, está deve ser a prioridade em um governo sério."
Já Daniel Cara destaca o Fundeb.

"A prioridade é o Fundeb. O Fundeb financia, substancialmente, as 40 milhões de matrículas na educação básica pública. Porém, o Fundeb depende das vinculações constitucionais, sistema de financiamento da educação que contraria Paulo Guedes. Então, é preciso saber qual é a posição do novo ministro sobre o assunto." - Daniel Cara, coordenador-geral da Campanha Nacional pelo Direito à Educação.
A Aned, que defende a educação domiciliar, aponta que o foco deve ser a "liberdade educacional".

"Garantir a Liberdade Educacional e o Pluralismo de ideias e de concepções pedagógicas, mediante a coexistência harmônica de modelos de ensino, além do escolar atual, a ex. da Educação Domiciliar, dentre outros. Quanto maior a Liberdade Educacional de um país (incluindo a educação domiciliar) maior o desenvolvimento educacional desse mesmo país, conforme estudos da OIDEL, órgão consultivo da ONU.” - Aned
Na opinião de Curi, presidente do CNE, a etapa da alfabetização e a formação de professores são consideradas "extremamente relevantes".

"Certamente, o ministro irá estabelecer as prioridades. A educação básica, sem dúvida, é uma área onde os direitos ao aprendizado devem ser ampliados e garantidos. A etapa da alfabetização e a formação de professores são extremamente relevantes. O combate à evasão na educação básica e na etapa do ensino médio, onde a evasão atinge mais de 50%, também. Tudo está associado ao aprendizado. Quanto ao ensino superior, entendemos ser relevante a análise e o fortalecimento do processo avaliativo e das políticas de estímulo à expansão relacionadas às áreas de maior relevância ao desenvolvimento da nação." - Luiz Roberto Liza Curi, do CNE
O Consed aponta 4 prioridades:

"Temos 4 prioridades: financiamento, principalmente dando continuidade ao Fundo Nacional para o Desenvolvimento da Educação Básica (Fundeb), formação continuada de professores, manutenção das avaliações e a definição dos currículos do Ensino Médio fundamentado na BNCC" - Consed
Maria Helena Guimarães de Castro, ex-presidente do Inep (1995 e 2002) e ex-secretária-executiva do MEC, cobra foco na gestão e no Fundeb.

"Para mim, o primeiro desafio é o ministro montar uma equipe. Alinhada, articulada e ter um plano imediato de trabalho para começar a funcionar. O MEC já perdeu muito tempo e agora não tem mais tempo para perder. (...) O ministro não é uma pessoa ligada à área da educação. É importante ele chamar as pessoas para conversar. (...) A terceira urgência urgentíssima é dar um encaminhamento ao Fundeb." - Maria Helena de Guimarães de Castro.
(G1, 08/04/2019)

CNTE

Foto Divulgação Casa Civil/PR

Cuiabá, MT - 09/04/2019 10:43:30


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