Ontem e hoje  (3 e 4 de junho), em Curitiba (PR), acontece o Encontro do Coletivo de Combate ao Racismo da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE).

Trouxeram suas saudações durante a mesa de abertura a professora Ieda Leal, Secretária de Combate ao Racismo da confederação, Fátima Silva, Secretária Geral da entidade e Vice-Presidenta da Internacional da Educação para América Latina (IEAL), Marlei Fernandes, Vice-Presidenta da CNTE e Luiz Carlos dos Santos, responsável pela pasta de Combate ao Racismo na APP Sindicato.

Os dirigentes apontaram para a importância desse Encontro e da realização do mesmo em Curitiba, nesse momento em que trabalhadores e trabalhadoras têm seus direitos atacados sistematicamente e que a prisão política do ex-Presidente Luis Inácio Lula da Silva expõe um poder judiciário comprometido com os interesses do capital e não com a justiça e com a grande maioria da população.

“É preciso manter o debate e contar a nossa história para que homens e mulheres, de todas as etnias, possam entender a nossa trajetória e estar conosco transformando a realidade dessa sociedade que ainda é tão racista e preconceituosa. Temos muito acúmulo e não podemos nos calar. Vidas negras importam!”, disse Ieda.

Almira Maciel, pedagoga pós graduada em História pela Universidade Federal do Paraná (UFPR), foi palestrante e compartilhou sua vasta experiência na construção do movimento negro no estado do Paraná e na sua militância no Movimento Negro Unificado (MNU). “Demorou muito para conquistarmos espaço para trazer para a escola as questões raciais. Com uma história como a nossa, esse debate é parte fundamental do currículo escolar e não podemos abrir mão disso. A Lei 10639 é fundamental, mas sozinha não mudará a cabeça de ninguém. Se queremos ser respeitados pela história temos que contá-la a partir da nossa própria perspectiva de negros e negras”, afirmou.

Faz parte do compromisso da CNTE, através da Secretaria de Combate ao Racismo, trabalhar pela construção de uma narrativa sobre a história do povo negro, que corresponda à verdade histórica e que garanta um futuro de igualdade, nas escolas públicas de todo o país. Assim, a segunda mesa do dia foi dedicada a analisar as cotas raciais para acesso e permanência em espaços de privilégio.

Palestraram sobre o tema os professores Sérgio Luiz Rodrigues da APEOESP (Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo ) e Ivo Queiroz, professor titular aposentado da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR). “Estamos acostumados a ver o mundo com a ótica que nos deram, temos que passar a vê-lo com o olhar do povo negro”, defendeu Rodrigues e alertou para os riscos da Reforma da Previdência que vai excluir o povo negro da possibilidade de se aposentar. “Os liberais abrem algumas portas para nós, como é o caso das cotas, mas são eles que escancaram o acesso dos fascistas para retirar esses direitos”, denunciou.

O professor Ivo, que também é militante do Movimento Negro Unificado (MNU-PR), alertou os participantes sobre a importância de lutarmos contra a naturalização da violência racista, dando especial atenção para a prática de ações afirmativas antirracistas. “As políticas de reparação não aconteceram sem muita luta. Temos que assumir nosso papel na construção da igualdade racial para garantir a democracia e a justiça social”, afirmou.

Após levar apoio e solidariedade à Vigília Lula Livre, os participantes do Encontro se reuniram na atividade cultural “Noite de Áfricas” na sede da APP Sindicato.

A programação de hoje (04) será dedicada ao planejamento nacional das ações da Secretaria de Combate ao Racismo.

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CNTE

Jordana Mercado

Cuiabá, MT - 04/06/2019 16:56:48


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