“Ainda bem que sempre existe outro dia. E outros sonhos. E outros risos. E outras pessoas. E outras coisas.” Clarice Lispector 

 As declarações do Presidente Jair Bolsonaro, desferidas contra a jornalista e repórter do jornal Folha de São Paulo, Patrícia Campos Mello, revelam definitivamente nosso desejo enorme de que amanhã tem mesmo que ser outro dia, com novos sonhos, risos, outras pessoas e outras coisas. É estarrecedor o nível a que estamos todos/as submetidos/as no país nos tempos que se passam. Exposta a insinuações sexuais pela boca do próprio Presidente da República, a jornalista Patrícia Campos Mello é mais uma vítima da misoginia explícita e recorrente dos que hoje ocupam o poder central do Brasil. 

 Ao afirmar que a jornalista “queria dar um furo a qualquer preço”, entre risadas cúmplices e constrangedoras de sua laia, o Presidente Bolsonaro desceu ao nível da pior vulgaridade e falta de decência que jamais um ocupante do Palácio do Planalto ousou chegar perto. Em alto e bom som, as agressões perpetradas contra, não só àquela jornalista, mas ao conjunto das mulheres brasileiras, envergonham a todos/as nós! Não cabe mais nenhuma tentativa de tergiversação sobre a natureza do caráter dos que ora estão a ocupar os mais altos cargos do Governo Federal! São homens brancos, machistas, misóginos e homofóbicos! Agridem tudo e a todos/as, a todo o momento. Impossível que esse nível de agressão passe incólume à consciência social que, enquanto humanidade e espécie, nos trouxe até os tempos de hoje, em mais de 50 mil anos em que homens e mulheres adquiriram o comportamento que atualmente rege a todos/as. 

 Enquanto sociedade, qual reação que o país deveria assumir diante da situação vexatória, agressiva e desrespeitosa a qual a jornalista foi obrigada a se submeter? Impossível que nosso repúdio social e coletivo se atenha somente a essas palavras. Indecoroso que esse pronunciamento presidencial, feita às portas do Palácio do Alvorada, caia no esquecimento generalizado diante de tantas declarações horrendas que dali não param de surgir. A depender dos/as professores e funcionários/as de escola de todo o Brasil, a violência das palavras do atual mandatário presidencial não pode ficar impune! 

 Os/as educadores/as brasileiros/as repudiam mais essa declaração de Bolsonaro, que deve arcar criminalmente com suas palavras. Sabemos que a força de suas declarações tem desdobramento terrível e não calculado nas altas taxas de feminicídio em nosso país. Solidarizamo-nos de forma contundente com a jornalista Patrícia Campos Mello! Parafraseando o sábio poeta, todos esses que aí estão atravancando nosso caminho, eles passarão e nós, passarinho!  

Brasília, 19 de fevereiro de 2020

Direção Executiva da CNTE 

Cuiabá, MT - 20/02/2020 13:32:23


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