Parte das 80 irregularidades apontadas pelo relatório técnico do Tribunal de Contas do Estado de Mato Grosso (TCE-MT) com relação à aplicação dos recursos públicos em Várzea Grande vem sendo denunciada há anos pela subsede do Sindicato dos Trabalhadores no Ensino Público de Mato Grosso (Sintep/MT). A entidade também apresentou, em 2009, as denúncias ao Ministério Público Estadual (MPE), que pediu o afastamento do prefeito Murilo Domingos do cargo esta semana.

Conforme o documento, mais de R$ 3 milhões do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb) foram contabilizados indevidamente só na última gestão. Para a presidente da subsede, Maria Aparecida Cortez, tal postura é responsável pelos entraves no avanço das políticas de valorização profissional, a exemplo da adequação do Plano de Cargos, Carreiras e Salários (PCCS), que já deveria ter ocorrido em janeiro. "Enquanto se destina milhões de reais do dinheiro público para interesses escusos, os investimentos necessários para melhorar a qualidade de ensino ficam comprometidos", protestou.

O relatório do TCE detectou também "pagamento indevido a funcionário falecido" - equivalente a R$ 5.093,05; "pagamento de salário para servidores não localizados nas escolas visitadas, no total R$ 146.268,33", ou seja, pagamento de servidores "fantasmas"; "realizar despesas sem empenho prévio, junto ao fornecedor Prati, Donaduzzi & Cia Ltda, no valor de R$ 30.958,00"; "nomear servidor técnico em contabilidade para ocupar o cargo de contador geral do município, ou seja, servidor de nível médio para o cargo de nível superior", dentre outras irregularidades.

Antes de pedir o afastamento do prefeito por improbidade administrativa, o MPE havia determinado, por meio da portaria 12/2010, a instauração de um inquérito civil público para investigar a aplicação de recursos do Fundeb no município. A ação está embasada em um estudo técnico realizado pelo Sintep/MT, que apontou várias irregularidades na condução das verbas, como a existência de 302 servidores lotados em unidades não ligadas diretamente às funções de magistério, recebendo seus proventos.

Só esta situação consome mais de R$ 251 mil oriundos do Fundeb, e contraria o Capítulo V da Lei nº- 11.494, de 20 de junho de 2007, lista de servidores, contido no anexo 01. As unidades que receberam estes recursos não compõem a rede pública de ensino, o que, segundo a sindicalista, representa uma afronta aos dispositivos legais. Além disso, foram contabilizados 111 lançamentos, num total de mais de R$ 127 mil, em pagamento de salários. Este valor também foi pago com recursos do Fundo, destinados única e exclusivamente para pagamento da remuneração dos professores em efetivo exercício na rede pública.

As contas de gestão do prefeito Murilo Domingos, referentes ao exercício de 2009, devem ser julgadas em breve. Na última sexta-feira (09), o gestor e alguns secretários enviaram um pedido de dilação de prazo ao TCE para apresentarem suas defesas.

Cuiabá, MT - 14/07/2010 00:00:00


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