O avanço do coronavirus tanto nos países de primeiro mundo (Espanha, Itália) como nos extremos opostos, abriu o “cardápio da morte”.  A pandemia revelou que o sistema capitalista em função da política de Estado Mínimo fragilizou o guarda-chuva da proteção social. Na Europa se registram filas da fome, formada por uma população jovem sem emprego e sem assistência, na dependência da solidariedade da população. O que reforça que o Estado perdeu a capacidade das políticas sociais.

A afirmação é do educador popular Emílio Gennari, durante análise de conjuntura internacional e nacional na reunião virtual realizada pelo Sindicato dos Trabalhadores no Ensino Público de Mato Grosso, no sábado (30.05). “Em alguns países se gasta mais para pagar a dívida pública do que com investimento em Saúde e Educação”, disse Gennari.

O cenário de descaso com a humanidade fica ainda mais evidente quando relata dados oficiais governamentais de 2019, que registram gastos de US$ 223 dólares por habitante do planeta, em armamentos, contra US$ 4,46 dólares por habitante para garantir comida. “Chega a pandemia e o mundo está preparado para matar as pessoas, e não para alimentá-las”, afirmou.

O retrato do Brasil nesse cenário não está diferente. Para Gennari, o governo Bolsonaro está promovendo um “verdadeiro assassinato” enquanto todos estão no isolamento social. Sem crescimento econômico antes da crise, e sem um projeto de desenvolvimento para o país tudo fica pior agora. “A pandemia escancara o lado mais desumano dos setores que sustentam o governo, não há preocupação em salvar a vida, e expõe os mais frágeis da população à morte”, disse.

A análise constata que o governo Bolsonaro se aproveita da pandemia para dar continuidade ao projeto das elites, iniciado na gestão Temer, com a formação do exército de trabalhadores baratos e super explorados (Reforma Trabalhista). E fica ainda pior, com Bolsonaro e a onda de legalização das formas mais predatórias de exploração, quer sejam, ambientais ou humanas. 

MT intensifica política neoliberal

Para o professor Henrique Lopes, presidente da Central Única dos Trabalhadores de Mato Grosso (CUT-MT) e dirigente do Sintep/MT, o cenário mato-grossense não apresenta perspectivas senão o enfrentamento. “Temos que articular o fim desses governos e rediscutir o papel do Estado, reafirmando nossas lutas junto aos movimentos sociais, movimentos progressistas. Temos que enfrentar e buscar a saída”, defendeu durante sua análise de conjuntura

Segundo o dirigente, no Brasil e em Mato Grosso a pandemia intensificou a política neoliberal. Desde o golpe de 2016, com a reforma fiscal - Emenda Constitucional nº 95 reproduzida no estado pela EC nº 81 - se definiram as prioridades do governo, que se sustentam em encurtar os investimentos públicos e as políticas sociais. Em Mato Grosso, disse, o governo Mauro Mendes foi ainda mais perverso quando antecipou em 2019, as medidas que o governo Bolsonaro estabelece agora, até 2021; congelamento de salários, não realização de Concurso Público e precarização do trabalho.

Lopes destaca que a Reforma da Previdência (EC nº 103) trará uma dose ainda maior de perversidade, e terá efeito cascada nos municípios. Entrará em vigor (junho) no período da pandemia, atingindo até mesmo os/as aposentados/as com descontos que passam de R$ 200 para R$ 800 sobre os salários. Ela fará com que “se trabalhe um pouco mais para receber um pouco menos”.

O congelamento salarial até fim de 2021 reduzirá entre 25% a 30% o poder de compra nos salários. Contudo, as conquistas dos educadores das redes públicas, são anteriores. “Precisamos diferenciar o que já é lei, e o que será até 2021”, afirmou, se referindo ao calote na lei 510/2013 entre 2018 e 2020, o não reajuste do Piso Salarial de janeiro das redes municipais e até mesmo a convocação dos Concursados, já que o decreto será a partir de 2020, e o concurso é de 2017. 

Assessoria/Sintep-MT

Cuiabá, MT - 01/06/2020 12:49:23


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