Conselho de Representantes aponta agravamento da desvalorização profissional em meio à pandemia

O Conselho de Representantes dos trabalhadores da Educação de Mato Grosso que ocorreu, em primeira etapa, neste sábado (15/05), mais uma vez, de forma virtual, contou com apresentações do panorama político nacional e estadual revelando o ataque coordenado aos serviços públicos e retirada massiva de direitos dos trabalhadores.

No primeiro painel, o presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores da Educação (CNTE), professor Heleno Araújo, trouxe diversas reflexões acerca do aumento da desigualdade social durante a pandemia. “A desigualdade nos provoca desencantamento, nos afasta do viver. Quando observamos o Congresso Nacional, vemos que os parlamentares ali fazem parte da parcela mínima da população que desfruta de uma vida de riqueza. Estão ali para defender os interesses do povo, dos trabalhadores, no entanto, eles não conseguem compreender os mais pobres como seus semelhantes”, ponderou Heleno.

O sindicalista ainda fez um paralelo entre o agravamento da crise sanitária e a ampliação dessas desigualdades. “Estamos vivendo uma era onde o trabalhador não tem trabalho; o consumidor não tem poder aquisitivo para consumir. Quanto à educação, estamos enfrentando a implantação por parte do atual governo, da lógica do capital globalizado. Eles querem transformar escolas em empresas. A educação em um negócio lucrativo”, disse.

Durante a apresentação da conjuntura política nacional, Heleno ainda comparou comportamentos ideológicos do governo Bolsonaro a algumas práticas adotadas no regime ditatorial de Hitler na Alemanha, como o “homeschooling”, por exemplo. “Temos pela frente um grande desafio, que é frear essa série de ataques que estamos enfrentando no Congresso Nacional com diversas propostas de leis que visam desconfigurar por completo a liberdade de cátedra no ambiente escolar”, destacou.

O presidente da Central Única dos Trabalhadores em Mato Grosso (CUT-MT), professor Henrique Lopes, fez uma explanação acerca do declínio na questão da valorização dos trabalhadores da Educação no estado. “Acompanhando a lógica bolsonarista, o governador Mauro Mendes segue cerceando direitos e, com isso, achatando cada vez mais a remuneração dos educadores. Se a Lei da Dobra do Poder de Compra (Lei nº 510) tivesse sido aplicada de maneira integral e recorrente, hoje, o piso da categoria seria de R$ 4.149,18. Mas sabemos que a realidade não chega nem perto disso e mesmo com um piso defasado, em alguns municípios, a remuneração é ainda mais baixa”, disse Henrique, que também é Secretário de Redes Municipais do Sintep-MT.

Durante a apresentação, Henrique também compartilhou com os participantes do Conselho de Representantes, um painel que mostra a evolução de Receitas em Mato Grosso, de 2013 a 2021, apontando o crescimento gradativo na arrecadação estadual. “O governado usou como argumento para não implementar a recomposição salarial da categoria, o fato de que o estado não teria como assegurar recursos para cumprir com os reajustes. Ocorre que, quando da elaboração da 510, foram feitos diversos estudos apontando o potencial de incremento de receita pública, o que fica comprovado nestes dados”, destacou. “Não reajustar os salários dos educadores é uma estratégia para seguir na política de desmonte dos serviços públicos em detrimento de comercializar e privatizar aquilo que deve ser do povo”, disse Henrique.

Nas considerações sobre os encaminhamentos para a categoria quanto ao enfrentamento que precisa ser feito, o presidente da CNTE, Heleno Araújo, reforçou a necessidade de um trabalho forte de comunicação, interna e externa, utilizando especialmente as redes sociais para difundir as pautas e apontar os impactos que as medidas de desmonte dos serviços públicos vem causando à população.

O presidente do Sintep-MT, Valdeir Pereira, fez os informes destacando os pontos de atenção que foram pautas de reivindicações junto ao governo estadual. Ele citou, entre outras questões, a desvirtuação do Plano Estadual de Educação, que foi alterado de maneira arbitrária pelo governo. “Mato Grosso é um dos únicos entes federativos que até hoje não possui um plano estadual de educação em vigência e como se não bastasse, esse que tramita na Assembleia Legislativa, não corresponde ao que foi construído com a participação dos trabalhadores. Para piorar, algumas emendas foram acrescentadas ao texto já adulterado pela Seduc, reforçando ainda mais o desmonte”, disse Valdeir.

Antes de encaminhar os trabalhos de grupos, o presidente do Sintep-MT pediu um minuto de silêncio em sinal de respeito às mais de 400 mil vítimas da Covid-19 no país. “Infelizmente o número de mortos continua crescendo. Temos perdido muitos companheiros, trabalhadores da Educação. Em Mato Grosso, são mais de 40 crianças que perderam a vida por causa do vírus. Já chegamos a noticiar sete educadores mortos em decorrência da Covid em um único dia aqui no estado. Temos que nos fortalecer e nos organizar para defender a Educação Pública, defender nossas vidas e de nossos estudantes. Volta às aulas, só com vacina para todos! A vida precisa ser valorizada. Obrigar o retorno presencial em plena pandemia é um ato de covardia e irresponsabilidade”, finalizou Valdeir.

Fonte: Assessoria/Sintep-MT.

Cuiabá, MT - 15/05/2021 17:11:17


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