Problemas de gestão interna das unidades interferem no currículo

O Sindicato dos Trabalhadores do Ensino Público de Mato Grosso (Sintep/MT) defende a universalização da Educação de Jovens e Adultos (EJA) nas unidades prisionais do Estado. Após realização de Seminário de Formação para os  professores que atuam  nas unidades  prisionais, o Estado discute ações conjuntas entre as Secretarias de Educação e  de Justiça e Direitos Humanos com a finalidade de definir responsabilidades para a garantia da educação às pessoas privadas de liberdade.
O Sintep/MT acompanha o debate através da secretária geral Jocilene Barboza e do secretário de infraestrutura Edson Evangelista. Com a insuficiência de políticas públicas que poderiam atuar preventivamente, somada à cultura do aprisionamento, a superlotação das prisões é uma triste realidade no país e em Mato Grosso que tem população carcerária acima da proporção aceitável por habitante. Cerca  de 40% dos presos não concluíram o ensino fundamental,  quase 40% são presos provisórios e metade da população tem até 29 anos de idade, segundo dados do Infopen.
Neste cenário, as pessoas que já estão à margem do direito à educação na "idade própria", gozando da garantia do direito de ir e vir, pode não ser assistido deste direito em situação de privação de liberdade. "Longe da universalização da educação no sistema,  é uma constante, a concorrência por espaço físico entre cela ou sala (de aula) no interior das prisões do Estado, conforme queixa de educadores/as que ali atuam", diz Jocilene.
Relatos de que doutrinas religiosas e lideranças presas ou em liberdade, algumas ocupando cargos estratégicos no Judiciário, interferem no acesso à educação ou desenvolvimento do currículo, é considerada como grave pelo Sintep/MT. "O Estado é laico e o direito à educação é para todos/as. A gestão da cadeia não pode "classificar" quem pode ou não ter acesso à educação usando como critério ser este/a integrante de determinada confissão religiosa, atrelando este aspecto ao bom comportamento", destaca Jocilene.
É um grande desafio a expansão da educação no sistema prisional em Mato Grosso que além dos problemas específicos, padece de outros bem conhecidos do sistema educacional no Estado, como falta de estrutura física adequada, insuficiência de equipamentos e materiais pedagógicos e de quadro de profissionais efetivos.
Falta de salas, banheiros e condições adequadas para realizar as aulas fazem parte da rotina dos trabalhadores que desempenham as atividades em unidades prisionais de Mato Grosso. Os cerca de 2,3 mil alunos atendidos, número considerado irrisório frente à demanda, recebe o serviço de educação pública de forma precária.
"Estamos em um período de reafirmação dos direitos e o Sintep/MT defende a educação pública a todos/as, por se constituir direito inalienável", ressalta Edson Evangelista.

Cuiabá, MT - 22/07/2013 00:00:00


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