Porto Alegre/RS - Iniciou-se nesta terça-feira (22/11), o Encontro do Movimento Pedagógico Latinoamericano “Educação, Democracia e Direitos”. O evento que acontece no Clube do Comércio, no centro histórico de Porto Alegre, reúne educadores de todo o estado e conta com a presença de representantes de importantes sindicatos da América Latina na Argentina, Uruguai, Paraguai, Chile, Bolívia e Costa Rica.

Este capítulo gaúcho do Movimento Pedagógico Latinoamericano é realizado através de uma parceria entre a Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE), o Centro dos Professores do Estado do Rio Grande do Sul (CPERS-Sindicato/RS) e a Internacional da Educação para a América Latina (IEAL) e faz parte da estratégia da entidade de realizar encontros regionais para garantir o alcance e capilaridade das ações do Movimento. No Brasil, a primeira experiência de encontro regional aconteceu em julho deste ano em Belo Horizonte/MG.


O evento acontece num momento muito delicado para os educadores do Rio Grande do Sul, no dia exato em que o governo do estado encaminha para tramitação na Assembléia Legislativa um verdadeiro pacote de maldades, que assola os direitos dos servidores públicos estaduais. Esse conjunto de medidas passa pela violação às garantias constitucionais de livre associação e da atividade sindical, prevê a extinção da Licença Prêmio, extingue os adicionais de tempo de serviço, aumenta a contribuição previdenciária de todos os servidores e, além de demitir aproximadamente mil servidores, apresenta a ameaça real de privatizações das empresas públicas estaduais.


A abertura dos trabalhos foi conduzida pela Presidenta do CPERS-Sindicato, Helenir Aguiar Schürer, que em sua saudação de boas vindas conclamou a todos os professores e professoras a se manterem firmes no espírito de luta e resistência essencial na conjuntura que está posta. Ela lembrou ainda a importância da realização deste Encontro do Movimento Pedagógico “Aqui no CPERS temos o sonho de ver a educação pública sendo valorizada e ocupando o espaço que merece, e estamos nos empenhando para tornar conhecidas as experiências tão ricas que estão acontecendo aqui no nosso estado. A educação pública do Rio Grande do Sul nos enche de orgulho e a possibilidade de realizar este encontro do Movimento Pedagógico Latinoamericano aqui em Porto Alegre vem para coroar nossos esforços e conquistas e também revigora nossas forças para as lutas que teremos pela frente”, avaliou a professora Helenir.


A Secretária de Relações Internacionais da CNTE e Vice-Presidente da IEAL, professora Fátima Silva, fez sua fala lembrando que o Rio Grande do Sul tem sido berço de importantes marcos na elaboração de alternativas para a transformação social como, por exemplo, o Fórum Social Mundial e incentivou o CPERS a continuar mostrando que a educação pública de qualidade é a força motriz para a construção de uma sociedade justa e igualitária.


Ainda falando da importância de avançar na defesa da educação pública, o Coordenador Regional da IEAL, Combertty Rodriguez, se referiu às experiências regionais do Movimento pedagógico como oportunidades para fortalecer a ação dos sindicatos de uma forma prática. “A direita e suas práticas neoliberais estão avançando em toda América Latina e no mundo. Os desafios que estão postos na atualidade dependem muito dos educadores para serem transpostos e o campo da educação é fundamental para a resistência que os dias atuais demandam. Encontros como este nos preparam para confrontar a luta política e ideológica que vivemos”, finalizou.


A convite da CNTE, o Vice-Ministro da Educação Superior da Bolívia, Jiovanny Samanamud Avila, veio ao Encontro e fez uma apresentação sobre sua política educacional que, após a instalação de um governo do campo democrático popular, representou uma verdadeira revolução social naquele país, elevando a qualidade de vida e trazendo novas perspectivas a toda uma geração que estava fadada a repetir uma lógica de subordinação e inferioridade na sociedade boliviana. A partir do resgate e valorização da cultura dos povos originários, o modelo boliviano utiliza fontes próprias da cultura indígena que estavam esquecidas, escondidas e até renegadas para garantir uma educação para a vida, que transforme os sujeitos atores do processo educativo, como defendia Paulo Freire.


“Não somos um modelo a ser aplicado em outros países, mas somos uma experiência que pode inspirar outras iniciativas e outros projetos de revolução educativa, em processos participativos com professores e professoras de todo o continente”, ponderou Samanamud.

Também foram realizados três painéis durante a programação: “Práticas Pedagógicas na Escola Pública” com o doutor Nilton Mullet da UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul), o painel intitulado “Diálogo entre Universidade e Educação Básica: Realidade e Desafios”, que reuniu Eduardo Rolim da ADURGRS/Brasil e os convidados internacionais Yamile Socolovsky da CONADU/Argentina e Guillermo Scherping do CPC/Chile e o terceiro painel do dia “O Papel das Centrais Sindicais na Luta pela Educação Pública” com Daniel Sebastiani da CTB (Confederação dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil) e Simone Goldschmidt da CNTE/CUT (Central Única dos Trabalhadores).

A programação do Encontro continua até amanhã e inclui a realização da Mostra Pedagógica, que consiste na apresentação de experiências exitosas em educação no estado do Rio Grande do Sul com a premiação das cinco de maior destaque.

Confira mais fotos do evento na página oficial da CNTE no Facebook.

CNTE

Cuiabá, MT - 23/11/2016 12:09:20


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