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A 5ª edição do Prêmio Ruth Marques Corrêa da Costa homenageia em 2020 mais uma representante do Sindicato dos Trabalhadores no Ensino Público de Mato Grosso (Sintep/MT). A contemplada desta edição, na categoria in memoriam, foi a ex-dirigente e professora Doralice Rosa de Oliveira Escolástico, falecida em setembro de 2003. A escolha foi feita dentro do mês Agosto, marco da luta contra a violência às mulheres (Agosto Lilás). A entrega será feita em 28 de setembro.
A premiação é concedida pelo Conselho Estadual do Direito das Mulheres (CDEM) de Mato Grosso, a mulheres que marcaram a história dos direitos humanos das mulheres, no estado. A honraria é dividida em duas categorias: in memoriam e em vida. Na categoria em vida o prêmio será entregue a Defensora Pública em Mato Grosso, Lindalva de Fátima Ramos.
Esse foi o quarto ano em que dirigentes e militantes do Sintep/MT são homenageadas. Em 2019, a premiação foi dada a Jocilene Barboza, primeira mulher presidente do Sintep/MT e ex-presidente do CEDM, que perdeu a vida num acidente em 2018. Nessa edição de 2020, a escolha da professora Dora, como era conhecida, reafirma o papel histórico das mulheres educadoras na luta por avançar e conquistar direitos para uma categoria 82% feminina e com repercussão em toda a sociedade.
Destemida
Ex-dirigente estadual e regional do Sintep/MT, Doralice Oliveira era lutadora e destemida, conforme os relatos dos/as companheiros/as. Fazia frente nas lutas para conquistar o que acreditava ser direito dos profissionais da educação. Marcou de forma desbravadora as lutas dos educadores na região do Araguaia, a partir de Barra do Garças.
Um dos contemporâneos da professora Dora, e dos que defendeu a indicação do nome de Doralice à premiação, o dirigente estadual, Edson Evangelista dos Santos, ressalta que Doralice foi uma das mulheres mais determinadas que conheceu. “Quando abraçava uma causa ia até o final. Não media esforços para a luta”, afirma.
Edson destaca a contribuição da companheira na conquista da Lei Orgânica dos Profissionais da Educação Básica (Lopeb), e dos esforços para consolidar o piso salarial, ao integrar a luta por incorporar os benefícios, como o chamado Pó de Giz, aos salários.
Múltipla
Mulher, mãe e por muito tempo responsável por manter o sustento da família, conhecia os desafios enfrentados pelas mulheres, arrimo de família, mães solteiras, e profissionais para sobreviverem num mundo estruturalmente machista. Foi em defesa de todos os profissionais da educação, em especial das mulheres, que saiu às ruas por salários dignos, unificação na carreira dos profissionais das escolas, entre outras bandeiras.
Na regional de Barra do Garças, Dora é lembrada pelo espírito revolucionário na maneira de pensar e de fazer a luta. “Ajudou a construir um capítulo na história do Sintep/MT e aqui por Barra do Garças, como delegada regional, foi responsável por mobiliar os profissionais em todos os municípios ajudando a mobilização coletiva pelo direitos a educação para todos e todas. Uma mulher à frente de seu tempo”, destaca o colega e professor Odorico Ferreira Cardoso Neto, o Kiko de Barra do Garças.
A homenagem a Dora também recebe a felicitação da profissional da educação Cida Cortez. “Foi quem me conduziu assim que assumi na direção do Sintep/MT, me ensinou muito. Era uma mulher de resolutividade, com capacidade técnica e política chamada sempre que apareciam grandes desafios. Uma guardiã do estatuto do Sintep/MT, das nossas memórias e histórias. Poderia ter sido uma presidente do Sintep/MT. O prêmio resgata uma homenagem que deveria ter sido prestada em vida, mas que agora é entregue com merecimento”, concluiu.
A Premiação do CEDM, que recebe o nome Ruth Marques Corrêa da Costa faz mais uma referência ao papel da mulher nas lutas, em especial aquelas feitas educadoras e sindicalistas, como é o caso também da professora Ruth Marques Corrêa da Costa. Diretora da Escola Bernardina Rich, por 19 anos, além de exercer o cargo de supervisora em várias escolas da Capital, ajudou a criar a Associação de Professores Primários de Mato Grosso, que depois recebeu o nome de Sindicato dos Trabalhadores do Ensino Público (Sintep).
Em anos anteriores, a premiação foi entregue, pelo papel que tiveram nos enfrentamentos, às professoras e sindicalistas, Lúcia de Lourdes Gonçalves (2017) e Marli Keller (2018). Além destas, foi entregue em vida a premiação (2019) para a professora aposentada e membro da antiga Associação Mato-Grossense dos Profissionais da Educação (AMPE), Maria Orli .
