Sintep-MT questiona plano pedagógico estratégico do governo para oferta de aulas remotas a estudantes dos anos iniciais

Que a crise sanitária provocada pelo novo coronavírus trouxe enormes prejuízos na aprendizagem dos estudantes em 2020, todos já sabem. Foi um ano inteiro onde os profissionais da Educação, em especial, os professores, se viram obrigados a se adaptar ao ensino remoto, mesmo sem ferramentas adequadas para isso.

Para a diretora de Políticas Educacionais do Sintep-MT, Guelda Andrade, o grande questionamento a ser feito, é sobre qual o plano pedagógico estratégico do governo – se é que existe um – para que essa modalidade de ensino à distância funcione e garanta o mínimo possível de aprendizado real, especialmente para crianças que estão em processo de alfabetização. “Em 2020, tivemos que criar formas de construir conhecimento através de um modelo de ensino para o qual não recebemos instrução em nossa formação profissional. Fato esse, agravado pela total falta de estrutura para desenvolver as atividades junto aos estudantes, como equipamentos adequados e internet de qualidade. Não houve um esforço do governo para garantir com que esse método alcançasse objetivos significativos”, disse.

Para a sindicalista, esse modelo de ensino traz um dilema ainda maior quando se trata de estudantes que estão nas anos iniciais do ensino fundamental, em processo de alfabetização. “Antes mesmo de se falar em pandemia, o modelo de ensino à distância já existia, tendo como finalidade, atender a estudantes que não teriam outra opção de aprendizagem, no entanto, essa modalidade era aplicada somente para os que já estavam alfabetizados. A pergunta é: que autonomia uma criança com idade entre 6 e 9 anos tem, para estudar sem a presença de um professor? Nesse caso, teria que, no mínimo, ser acompanhada por um dos pais ou responsável, o que gera uma outra problemática, já que muitos não têm essa disponibilidade”, complementou.

Garantir com que o processo de ensino-aprendizagem seja eficiente e com resultados reais, deveria ser uma prerrogativa do governo, mas para a dirigente do Sintep-MT, não existe um planejamento a médio e longo prazo por parte do estado. “Sabendo que seria necessária uma grande logística para a distribuição da vacina, e que vai levar um tempo até que toda a população seja imunizada, inviabilizando, assim, as aulas presenciais no início deste ano letivo, o governo não se antecipou em preparar uma estrutura mínima para que as aulas remotas promovessem uma aprendizagem significativa e com acesso a todos os estudantes da rede pública. Quanto aos que estão em processo de alfabetização, não se ouve falar em uma estratégia pedagógica que atenda a necessidade dessas crianças, que se diferencia muito da necessidade de estudantes já alfabetizados”, destaca Guelda.

Quanto às ações a longo prazo, o Sintep-MT alerta sobre a necessidade de o governo pensar em um planejamento voltado à recuperação e “reforço” dos estudantes que, sem exceção, foram prejudicados com a pandemia. “É preciso pensar também no cenário pós-pandemia. É impossível prosseguir do ponto onde estamos, sem que sejam tomadas medidas que venham mitigar os danos causados na aprendizagem no ano passado. O governo teve 2020 inteiro para perceber que esse modelo à distância precisa de investimento e metodologia para, de fato, funcionar a contento”, declara a dirigente sindical.

Uma das sugestões para promover esse “reforço” no ensino, seria, no pós-pandemia, com o retorno presencial das aulas, reduzir a quantidade de estudantes por turma e fazer o contraturno com aulas extras. “Já que o governo diz estar preocupado com a qualidade no ensino, seria esse o momento ideal para implementar o modelo de escolas em tempo integral, sempre tão prometido em épocas de campanhas eleitorais”.

Para colocar em prática uma gestão que vise resolver problemas que devem surgir num futuro próximo, o governo precisaria se antecipar sobre questões como, por exemplo, a demanda necessária de profissionais da educação para atender no contraturno, merenda escolar nos dois períodos e salas extras. “Não adianta fechar escolas e lotar salas de aula para que um só professor de conta de atender com qualidade a todos. Ensino de qualidade precisa de um professor disponível para atender às dúvidas individuais desses estudantes, e com uma sala abarrotada, fica impossível”, critica a sindicalista.

Fonte: Assessoria/Sintep-MT.

Cuiabá, MT - 18/01/2021 18:31:31


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