Condições precárias de trabalho na pandemia e falta de investimentos são temas de Encontro

Os  debates da abertura do V Encontro Estadual de Redes Municipais do Sintep-MT avançou nas discussões no que tange o contexto atual da pandemia e a Educação Pública. 

Os professores que participaram do encontro no período da manhã, nesta sexta-feira (26/02), denunciaram a situação precária de falta de estrutura para que as aulas remotas sejam ministradas e os riscos sanitários com a exigência do governo para o cumprimento presencial da jornada de trabalho. “Estamos sendo pressionados a cumprir nossa jornada dentro das escolas, onde a internet é ruim, há poucos computadores e que já estão obsoletos. Ficamos todos os professores numa única sala fechada. É muito angustiante viver isso sabendo que a cada dia morrem mais pessoas e vemos nossos colegas sendo infectados. A sensação é de que seremos os próximos”, disse um dos educadores.

Outra profissional da Educação relatou que ele e muitos outros colegas enfrentam dificuldades para manejar a ferramenta disponibilizada pelo governo do Estado para que as aulas on-line sejam ministradas. “Não recebemos informações e nem formação para trabalhar com essa plataforma. Nos sentimos perdidos, sem conseguir dar aulas com qualidade porque falta estrutura, falta tudo”, disse. 

A dirigente sindical Clara Ede Amaral, do município de Cáceres, destacou que, além dos prejuízos no processo de ensino-aprendizagem com a falta de investimentos públicos na Educação, a pressão excessiva do governo sobre os trabalhadores da educação tem gerado doenças mentais nesses profissionais. Uma profissional da Educação relatou suas dificuldades devido aos riscos à saúde que enfrenta tendo que cumprir a jornada de trabalho dentro da unidade de ensino, onde um de seus colegas testou positivo para a Covid e falta de condições de trabalho. “Eu estou com depressão justamente por me sentir pressionada e não conseguir fazer o trabalho como deveria ser feito. É triste e angustiante”, disse a professora.

“Ao invés de criar um ambiente propício a esse momento atual, oferecendo ferramentas tecnológicas de qualidade, formação profissional para que os educadores possam operar esses sistemas; o governo inverte a lógica e, para esconder essa falta de investimentos, implanta o sistema de bonificação, que gera animosidade, competição entre os trabalhadores que acabam por se desdobrar para tentar ministrar as aulas enquanto o governo não cumpra com seu papel de oferecer condições dignas de trabalho a eles”, disse Clara. 

O assessor jurídico da confederação Nacional dos Trabalhadores da Educação (CNTE), Eduardo Ferreira, trouxe reflexões ainda mais profundas sobre a precariedade nas relações de trabalho diante da pandemia. “A reforma trabalhista trouxe o conceito de trabalho intermitente e a reforma administrativa quer trazer isso para dentro do serviço público. Esse ataque ao funcionalismo vem desde a Lei 186 e agora se intensifica ainda mais. Com a reforma administrativa, querem criar mecanismos de demissão em massa de servidores públicos. A pandemia está servindo de palco para que o governo oportunista concretize esse desmonte dos serviços públicos”, disse.

Eduardo destacou ainda que é preciso que as entidades representativas de classe estejam atentas ao conjunto de leis que estão sendo colocadas em pauta e que convergem para essa precarização da Educação pública, promovendo políticas que visam a privatização desse serviço.

Fátima Silva que é Secretária Geral da CNTE e também vice-presidente da IEAL, colocou em pauta a total inércia do Ministério da Educação quanto às garantias dos protocolos de segurança para que as atividades escolares presenciais sejam desenvolvidas com segurança. “O cenário de caos que estamos vivendo com essa pandemia que, segundo os cientistas está longe de acabar, nada mais é do que fruto desse governo negacionista e que pouco ou nada fez para, de fato, preservar vidas. Precisamos sair vivos dessa crise de saúde mundial e para isso, só tem uma saída: vacina para todos! Sem isso, é inadmissível e irresponsável tratar de retorno presencial das aulas ou mesmo essa obrigatoriedade para cumprimento de jornada dos educadores dentro das unidades de ensino. Com os relatos dos professores que ouvimos aqui, em algumas escolas falta até mesmo algo básico para a higiene pessoal que é água para lavagem das mãos”, criticou. 

O professor Carlos Abicalil e o sindicalista Henrique Lopes, além do presidente do Sintep-MT, Valdeir Pereira e outros dirigentes também participaram do encontro pela manhã. Abicalil ressaltou a questão política com a ameaça de desvinculação dos recursos que são destinados à Educação e Saúde. O tema ainda será debatido na segunda parte do evento, que segue nessa sexta no período vespertino. 

Assista ao vídeo completo do V Encontro Estadual de Redes Municipais do Sintep/MT - Período Matutino

                              Fonte: Assessoria/Sintep-MT.

Cuiabá, MT - 26/02/2021 16:48:49


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