Nem mortas de fome, nem de bala, nem de pandemia: queremos mulheres negras VIVAS!

25 de julho, Dia Internacional da Mulher Negra, Latino-americana e Caribenha e o Dia Nacional de Tereza de Benguela.

Domingo, 25 de julho, é celebrado o Dia Internacional da Mulher Negra, Latino-americana e Caribenha e o Dia Nacional de Tereza de Benguela. É uma data de luta das mulheres negras contra a opressão de gênero, a exploração e o racismo, e de homeagem à líder quilombola que ajudou comunidades negras e indígenas na resistência à escravidão no século XVIII.

A Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE) se soma aos movimentos de combate ao racismo com a mensagem: “Nem mortas de fome, nem de bala, nem de pandemia: queremos mulheres VIVAS!”. A secretária de relações de gênero da CNTE, Berenice D’Arc Jacinto, ressalta: “As mulheres brasileiras, maioria negras, sofrem com mais intensidade as consequências da pandemia. Além da perda de vidas pela Covid-19, ainda há o desemprego e a fome”.

Fome
Os retrocessos e a falta de efetivação de políticas públicas voltadas para a redução da desigualdade ameaçam, de maneira mais acentuada, a vida de mulheres negras. A fome atinge 11,1% dos lares chefiados por mulheres contra 7,7% de lares liderados por homens. O estudo, elaborado pela Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional (Penssan), aponta que pelo menos, 35,9% das mulheres provedoras de alimentação no Brasil são mães solo e vivenciam insegurança alimentar.

Desemprego
As trabalhadoras domésticas (maioria feminina e negra) foram as mais impactadas com os efeitos na pandemia. De acordo com o Dieese, em 2020 mais de 75% das trabalhadoras estavam na informalidade. Além disso, o trabalho doméstico perdeu 1,5 milhão de vagas com a pandemia - as trabalhadoras informais ganham 40% menos do que as formais, enquanto e as trabalhadoras negras recebem em média 15% menos. Do total de ocupados no trabalho doméstico, 92% são mulheres, das quais 65% são negras.

Violência
Com a adoção do isolamento social, uma das medidas para conter o avanço do coronavírus, houve o avanço da violência doméstica contra pessoas do sexo feminino. Mulheres negras e periféricas, que antes já ocupavam os rankings de vítimas, foram ainda mais afetadas. Essas informações estão no artigo - "Pandemia escancara violência contra população negra", asinado por Cláudia de Oliveira, Elaine Soares e Jaqueline Soares -  que também traz dado sobre o aumento do índice de feminicídio no primeiro semestre de 2020.

Quilombolas
Sob o governo Bolsonaro, a titulação de territórios quilombolas atingiu o menor nível da história. Os quilombos foram fortemente impactados pelo vírus e pela crise econômica gerada pela pandemia, com a informalidade, a falta de infraestrutura social e o baixo acesso a informação sobre como acessar benefícios emergenciais.

Invisibilidade
No artigo “Por que a COVID-19 é mais mortal para a população negra?”, Edna Araújo e Kia Kaldwell relatam que o governo federal do Brasil não exigiu a coleta de dados raciais para os casos de COVID-19 até a segunda semana de abril de 2020, e somente o fez após pressão de movimentos negros, entidades de classe e associação cientifica. Ainda assim os dados que têm sido divulgados “não têm qualidade que permita a realização de análises robustas que desvelam as iniquidades raciais em saúde”.

Diante desse cenário, a secretária de relaçõs de gênero da CNTE, Berê D’Arc, ressalta a importância da educação antirracista: “Para ajudar a reverter essa situação das mulheres negras em nosso país, a educação tem um papel fundamental. Precisamos fazer dos Projetos Políticos Pedagógicos e seus currículos uma expressão da necessidade dessa mudança. Vamos mudar essa realidade a partir das nossas salas de aula! É preciso banir o racismo da sociedade brasileira, e nossa ação é imprescindível nessa tarefa”, conclama.

CNTE

Cuiabá, MT - 26/07/2021 12:46:22


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