Um povo que luta por saúde, educação, terra e vida iluminou com luz de velas a BR 158, no sábado (16) à noite. Mais de 3 mil pessoas participaram da 5ª Romaria dos Mártires da América Latina, em Ribeirão Cascalheira, interior de Mato Grosso, a 902 km de Capital. Com o tema Testemunhas do reino", a Romaria dos Mártires foi organizada pela prelazia de São Félix do Araguaia. A caminhada faz parte da memória aos mártires e marca, especialmente, o assassinato do padre João Bosco Penido Burnier, ocorrido em 11 de outubro de 1976, ao tentar ajudar duas mulheres presas, injustamente, que estavam sendo torturadas. A caminhada, de aproximadamente de três km, contou com a participação de homens, mulheres, crianças de várias idades e raças com estandartes dos mártires e elementos que simbolizam as situações de violência e as lutas do povo. Participaram romeiros da Alemanha, Espanha, Itália e de vários países da América Latina e dos Estados de Mato Grosso, Goiás, Brasília, Minas Gerais, São Paulo, Paraná, Rio de Janeiro, Maranhão, Tocantins e Pará. Antes da caminhada, a equipe de comunicação do Sindicato dos Trabalhadores no Ensino Público de Mato Grosso (Sintep/MT) foi recebida por Dom Pedro Casaldáliga que, aos 83 anos e apesar da fragilidade provocada pela doença de "mal de parkinson", não deixou de participar da 5ª Romaria dos Mártires. Dom Pedro, ícone vivo da resistência e da luta do povo do Araguaia, gravou uma mensagem para todos os trabalhadores da educação de Mato Grosso. Dom Pedro foi bispo da prelazia de São Félix até 2005, quando renunciou por motivo de saúde.
A revolta de um povoado- Os moradores antigos do distrito de Ribeirão Bonito contam que o padre João Bosco Burnier e Dom Pedro Casaldáliga passavam por Cascalheira, no dia 11 de outubro de 1976, para os festejos de Nossa Senhora Aparecida. Eles ficaram sabendo que duas sertanejas, Margarida e Santana, estavam presas e sendo torturadas. Os dois padres foram interceder pelas mulheres. Eles foram recebidos por quatro policiais. E, ao tentar dar água a elas, o padre João Bosco foi impedido com um soco no rosto, uma coronhada na cabeça e, em seguida, o policial disparou um tiro no seu peito. O padre foi transferido para Goiânia, mas não resistiu aos ferimentos e faleceu. No 7º dia da morte do padre João Bosco, revoltada, a população derrubou e queimou a cadeia, e plantaram uma Cruz, que hoje é símbolo da libertação do cativeiro. A primeira romaria foi realizada 10 anos após a morte do padre João Burnier. Depois foi organizada a cada 5 anos.

Cuiabá, MT - 19/07/2011 00:00:00


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