Mulheres CUTistas de todo o Brasil, representando os mais diversos ramos de atividade econômica e categorias profissionais, estiveram reunidas nos dias 15 e 16 de fevereiro, na Capital paulista, para discutir a paridade de gênero. Inicialmente, o debate foi aprovado na 13ª Plenária Nacional da Central Única dos Trabalhadores (CUT), realizada em 2011. A proposta é para que haja paridade entre homens e mulheres na distribuição dos cargos de direção da CUT, em níveis nacional e estadual.  
De acordo com a secretária de Formação Sindical do Sindicato dos Trabalhadores no Ensino Público de Mato Grosso (Sintep/MT), Marli Keller, que participou do encontro, o seminário é para levar a bandeira das mulheres para o seminário nacional do coletivo de mulheres da CUT. Na ocasião, foram discutidas estratégias de como realizar a mobilização sobre a ótica das mulheres. A proposta será levada ao 11º Congresso Nacional da CUT (CONCUT) que acontece em julho deste ano, onde será submetida à votação.
Ainda de acordo com Marli Keller, o debate visa à igualdade entre os gêneros. "A própria Constituição garante este princípio. Então, porque não tornarem justas a nossa representação nas instâncias da CUT". Segundo ela, o diálogo e os debates são importantes para sensibiliza todos os sindicalistas.
 "Em 1993, a 6ª Plenária da Nacional da CUT aprovou a cota de gênero de 30%, política hoje vigente no interior da Central e de suas entidades. Esta conquista foi fruto de construção coletiva, organização e mobilização e de um conjunto de esforços das mulheres da Central em defesa da igualdade. Agora, a luta das mulheres é pela paridade, para que a igualdade no movimento sindical cutista e em outros espaços possa se efetivar", diz Rosane Silva, secretária nacional da Mulher Trabalhadora da CUT".
A participação sindical das mulheres ainda é muito inferior a sua inserção no mercado de trabalho. As mulheres representam 42,6% da População Economicamente Ativa (PEA) e somam apenas 17,3% das pessoas sindicalizadas (dados de 2009). A ausência de trabalhadoras nesses espaços tem reflexos na organização sindical e nas pautas de negociações que atingem diretamente a vida das trabalhadoras.
Segundo Aparecido Donizeti, da Executiva Nacional da CUT, "a CUT acerta ao trazer à tona essa discussão. Ao longo desses quase 30 anos é momento de reconhecer a importância das mulheres nas decisões políticas, não só no meio sindical, mas em todos os espaços de poder".
No debate de abertura, Tatau Godinho, subsecretária de Planejamento e Gestão Interna da secretaria nacional de Políticas para as Mulheres, e Junéia Martins Batista, secretária nacional da Saúde do Trabalhador da CUT, falaram sobre a importância e o sentido político da paridade. "A paridade não pode ser encarada apenas como um mecanismo, como muitas vezes acontece em nossa organização dos espaços políticos. Ela só terá eficiência se combinarmos o fortalecimento das mulheres como dirigentes e sua autonomia pessoal. Esta responsabilidade tem que estar no cotidiano e deve ser do conjunto da sociedade e não só das mulheres", diz. 
Odete Gomes, presidente da CUT Amapá coordenou a mesa. Juneia Batista falou de experiências mundiais sobre igualdade de gênero, apresentando algumas conquistas da Internacional dos Serviços Públicos (ISP), entidade que em seu Congresso de 2002 aprovou a paridade. "Esse debate está para além da ocupação dos espaços de poder porque não é só uma questão de cota, mas também, de como se darão as relações nesses espaços. Temos capacidade e qualificação para ocuparmos qualquer espaço de decisão e hora de conquistarmos o necessário respeito quanto a isso", ressalta a secretária.
Na parte da tarde, Maria Mendes, dirigente que coordenou a Comissão Estadual sobre a questão da Mulher Trabalhadora da CUT-SP, fez um breve resgate do tema a partir das discussões que ocorriam à época que antecedeu a criação do que hoje é a atual secretaria da Mulher Trabalhadora. Patrícia Pelatieri da subseção do Dieese da CUT Nacional e Marilane Oliveira, assessora da Confederação Nacional do Ramo Químico (CNQ), participaram do debate "Limites da Atuação das Mulheres nos Espaços Políticos". Foi apresentado um estudo com indicadores da desigualdade de gênero no Brasil, alguns diagnósticos e reflexões para a mudança dessa realidade. Rosimeire dos Santos, secretária de Gênero da CNQ coordenou a mesa.
Campanha Liberdade e Autonomia se constrói com Igualdade: Paridade Já!
"Central Única das Trabalhadoras e dos Trabalhadores" - foi a frase de ordem entoada pelas mais de 60 mulheres que participaram do encontro ao aprovarem a campanha "Liberdade e Autonomia se constrói com igualdade: Paridade Já!"
"A proposta é que seja uma campanha permanente até que se conquiste a paridade. Por isso, é de extrema importância que esse debate seja levado aos estados, ramos e sindicatos, de forma a garantir a discussão do tema nas atividades que antecedem o CONCUT", ressalta Rosane Silva.
Rosane Bertotti, secretária nacional de Comunicação da CUT, reiterou que a divulgação e a participação massiva das mulheres CUTistas são fundamentais para a efetividade da campanha. "Além dos materiais usuais como camisetas, folhetos, cartazes, hoje o uso das redes sociais tem o poder de potencializar ações como estas e sensibilizar mais pessoas para o tema paridade, inclusive as que não estão no movimento sindical".
No último dia do evento, quinta-feira (16), as mulheres se reuniram em grupos de trabalho para discutir estratégias. Foi aprovado um conjunto de ações e um calendário de atividades até 11º CONCUT.

 


Cuiabá, MT - 23/02/2012 00:00:00


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