Termina hoje (29) a primeira oficina realizada pelo Fórum Mato-Grossense de Meio Ambiente e Desenvolvimento (Formad). O objetivo é promover a construção participativa de indicadores comunitários de sustentabilidade para avaliação da produção de agrocombustíveis no Estado. As discussões ocorrem no Instituto de Educação da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), e conta com a participação das entidades filiadas a Rede Formad, além de pesquisadores e movimentos sociais. Os participantes, ao término da construção dos indicadores, fomentarão o diálogo inicial sobre a Agenda pós-Cúpula dos Povos.
Uma das entidades que compõem o Fórum, o Sindicato dos Trabalhadores no Ensino Público de Mato Grosso (Sintep/MT) foi representado pela secretária de Formação Sindical. Marli Keller. Segundo a sindicalista, essa é mais uma formação destinada às entidades que participam do Fórum. O grupo visa mobilizar a sociedade sobre o desequilíbrio que ocorre no atual modelo econômico de agronegócio. O projeto, que está em andamento, pretende parametrizar o desequilíbrio existente.
Marli Keller também falou dos impactos gerados por esse modelo de negócio. "Não precisa ser especialista para perceber o desequilíbrio ambiental ocasionado pelo uso abusivo dos agrotóxicos e também das condições de trabalho nesses locais e todo o processo de produção. O Formad analisa em que condição está esse modelo e pretende elaborar um documento que irá subsidiar políticas que supere esses problemas", frisou.
Ontem (28), os participantes analisaram a conjuntura e dados das produções de soja e cana-de-açúcar no Brasil e em Mato Grosso. Os dados foram apresentados por Sérgio Schlesinger, que trabalha há mais de seis anos com pesquisas relacionadas aos impactos socioambientais da cadeia produtiva dos agrocombustíveis. Ele apresentou os primeiros dados coletados e que serão utilizados para subsidiar o desenvolvimento do projeto realizado pelo Formad, que está avaliando os impactos socioambientais da produção dos agrocombustíveis em Mato Grosso.
Os impactos socioambientais ocasionados pelas monoculturas em larga escala geram inúmeras consequências às comunidades tradicionais e a sociedade local. Para o monitoramento e avaliação desses impactos, o Formad, em parceria com a Federação de Órgãos para Assistência Social e Educacional (FASE) e a Agência de Cooperação internacional Oxfam-Novib promovem esses dois dias de oficinas para que sejam construindo indicadores comunitários que sirvam para analisar as exportações de agrocombustíveis de Mato Grosso para a União Europeia.
Modelo de negócio- Atualmente, o Estado importa e exporta etanol, além de ser o segundo maior exportador de soja do mundo. As empresas que atuam na produção e exportação de agromassas buscam a certificação de sustentabilidade para seus produtos. Porém, os indicadores utilizados nessas certificações são desconhecidos em sua maioria, e quase sempre não são discutidos com as comunidades e grupos que são afetados pelos impactos socioambientais gerados pela cadeia produtiva das agromassas.
Sérgio Schlesinger apresentou dados que mensuram os impactos socioambientais gerados no Brasil e, principalmente, em Mato Grosso, ocasionados pelo avanço dos agrocombustíveis. Segundo Sérgio, discutir sustentabilidade é uma ação que não pode ser fechada ou padronizada, "Afinal o que é sustentabilidade?", questiona. "Não podemos reduzir o conceito em favor do mercado ou de interesses pessoais. Devemos avaliar em conjunto quais são os critérios que predominam em uma proposta de sustentabilidade." Os participantes tiveram a oportunidade de conhecer a metodologia do projeto e propor caminhos para construir os indicadores comunitários.

Economia "verde"
As buscas por soluções energéticas e fontes renováveis impulsionam o crescimento da produção de agromassas, que servem para o consumo de etanol e agrodiesel (biodiesel). Porém, esse crescimento da produção também gera inúmeros conflitos socioambientais: insegurança alimentar, deslocamento da produção agrícola, doenças vinculadas à utilização dos agrotóxicos, êxodo rural, trabalho escravo, aumento da propriedade privada e especulação econômica.
Na contramão do desenvolvimento sustentável, o agronegócio, mesmo quando certificado pelos critérios de sustentabilidade comercial, alavanca as crises climáticas e ambientais, além de contribuir com a desigualdade social, principalmente no campo.

 

Fonte: Pau e Prosa Comunicação com informações Assessoria de Imprensa do Formad

 

 

 

 

 

Cuiabá, MT - 29/06/2012 00:00:00


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