Professora foi surpreendida com a
confirmação de que já havia realizado uma cirurgia que esperava há meses
Durante 3 meses a professora aposentada Euza Maria de Araújo
Rodrigues, 65, realizou uma peregrinação em órgãos públicos em Cuiabá para
garantir uma cirurgia de emergência. No período precisou da intervenção da
Defensoria Pública para conseguir uma liminar judicial que obrigasse o MT saúde
a cobrir os custos do procedimento de reconstrução da bexiga. Andou de balcão
em balcão sob o risco de complicação do estado de saúde e foi surpreendida
quando ficou sabendo que constava uma cirurgia realizada em seu nome, quando na
realidade lutava pelo atendimento. Em janeiro de 2012 Euza passou a ter complicações com a
bexiga. Um especialista lhe indicou a necessidade de realizar a reconstrução do
órgão com apoio de uma prótese. As primeiras investidas para retirar a autorização
para o procedimento foram negadas. Os especialistas alegam falta de repasses
pela operadora e repassam Euza para outro profissional, que repetia as mesmas
orientações. "Falavam que não atendiam pelo MT Saúde e tinha que pagar
adiantado". O risco à saúde levou a professora aposentada a procurar a
Defensoria Pública, que juntou laudos e ingressou com ação para garantir o
procedimento. No dia 28 de janeiro de 2012 Euza conseguiu a liminar judicial. A
paciente estava com febre, usava sonda e caso se descuidasse corria o risco de
precisar ingressar com o tratamento de hemodiálise. Com a determinação em mãos que obrigava o Plano a cobrir o
procedimento, Euza voltou a buscar o especialista, que voltou a alegar falta de
autorização. Em fevereiro a aposentada voltou à Defensoria e foi surpreendida
como a observação da pessoa responsável pela verificação do processo, que
estava arquivado e constando que ela já havia realizado a cirurgia. Debilitada e cansada, pela 2ª vez Euza procurou a
Defensoria. Abriu uma 2ª ação desta vez contra o administrador da operadora.
Dia 22 de março de 2012 saiu a 2ª liminar e no dia 11 de abril ela realizou a
cirurgia. Dia 30 de junho Euza precisou voltar ao centro cirúrgico e dar
continuidade ao procedimento. A bexiga está funcionando normalmente sob acompanhamento,
mas o sistema do MT Saúde, que falhou no último ano continua deixando Euza sem
atendimento. Os R$ 323 pagos mensalmente para manutenção do plano desde 2005
não retornam mais em atendimento mínimo para a aposentada. Hoje Euza reúne em 1 pasta papeis com assinaturas, horários,
negativas e 4 protocolos abertos junto à Secretaria de Estado de Administração
(SAD) para ter reembolso de procedimentos pagos no particular. Foram pelo menos
R$ 390 gastos em consultas por Euza. Em setembro ela recebeu R$ 230. No momento
Euza aguarda o ressarcimento dos meses que pagou pelo plano, mas teve o
atendimento negado, além de buscar indenização pelos danos sofridos. O secretário de finanças do Sindicato dos Trabalhadores do
Ensino Público de Mato Grosso (Sintep/MT) Orlando Francisco questiona quem
recebeu pela cirurgia apresentada como realizada em Euza no processo judicial.
Para toda confirmação do procedimento gera uma fatura, que deve ser somada aos
custos do MT Saúde, explica. "Essa é a prova de desvio. Se tinha o laudo de uma
cirurgia que ela não fez alguém recebeu". As denúncias foram feitas à Comissão Parlamentar de
Inquérito (CPI) da Assembleia Legislativa (AL) e serão levadas ao Ministério
Público Estadual (MPE).