Os cinco mil anos de história que sustentam a formação das religiões africanas e suas matizes afro-brasileiras integram o curso introdutório “As religiões afro-brasileiras - Umbanda e Candomblé”, até amanhã (12.05), no auditório do Sindicato dos Trabalhadores do Ensino Público de Mato Grosso (Sintep/MT). As aulas ministradas pelo professor doutor Flávio Antônio da Silva Nascimento, tem o objetivo desmistificar e esclarecer os participantes sobre conceitos da espiritualidade inerentes à cultura religiosa afro-brasileira.

Para o professor Nascimento é importe se conhecer a religiosidade afro-brasileira principalmente num momento histórico do pais em que a intolerância e o desrespeito ao outro se fazem evidentes. “Temos presenciado em São Paulo situações de invasões de terreiros, agressões. No Rio de Janeiro, algo surpreendente como associação de traficantes com evangélicos invadindo terreiros”, relata.  

O debate reúne educadores e educadoras dos municípios de Cuiabá, Chapada dos Guimarães, Poconé, Nossa Senhora do Livramento, Jangada, Santo Antônio de Leverger, Acorizal, Barão de Melgaço e Várzea Grande. O objetivo é fortalecer no espaço da escola o conceito de respeito às diferenças. 


Essa é a segunda edição, a primeira ocorreu em novembro do ano passado, e o diretor regional do Sintep/MT, Ricardo Assis, responsável pela atividade, destaca que a região é uma das mais antigas de Mato Grosso, reunindo os municípios colonizados por mão escrava, e onde concentra-se o maior número de quilombos reconhecidos pela Fundação Palmares. “Só Poconé são 32 unidades, mas ainda há uma resistência quanto à aceitação da religiosidade no chão da escola”.

Conforme Assis, a proposta é fazer a formação para entender e respeitar a cultura africana. A Lei Federal nº 10.639, que obriga as escolas a inserir na matriz curricular questões de matriz africana, muitas vezes não é trabalhada de forma a quebrar alguns tabus. “Precisamos de um curso para esclarecer e combater o preconceito. O estigma do catolicismo sobre a religiosidade africana colocou as práticas como do mal”.

A professora Iva Marques Rocha, da área de artes/música da Escola Estadual Professora Ana Tereza Albernaz, de Chapada dos Guimaraes, ressaltou que não se pode deixar de considerar a cultura negra no Brasil e através dela a religiosidade. “A riqueza que traz vai desde a música, a comida. Até mesmo a macumba, um termo socialmente tido como pejorativo, é também um instrumento de percussão. O pecado está na nossa cabeça”.  

Para o presidente do Sintep/MT, Henrique Lopes, a realidade do Brasil hoje registra o aumento do preconceito contra homens, mulheres e toda a população menos favorecida. “Estamos vivenciado a volta da escravidão dentro do país, com o conjunto de medidas adotadas pelo atual Governo. O diálogo com a questão afro-brasileira nos remete a esse desrespeito com as nossas ancestralidades e precisamos ter consciência delas se não ficaremos reproduzindo o preconceito”.

Assessoria/Sintep-MT

Cuiabá, MT - 11/05/2018 19:02:10


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