As políticas afirmativas e a
lei 10639/2003, que torna obrigatória a inclusão de História e Cultura
Afro-brasileira nos currículos escolares, foram os principais temas que
nortearam o segundo dia do II Seminário Estadual de Educação Étnico-racial,
organizado pelo Sindicato dos Trabalhadores no Ensino Público de Mato Grosso
(Sintep/MT). O encontro, realizado na sede do sindicato, no sábado (15), contou
com a participação de profissionais do ensino de todo o Estado. "Este encontro
dá uma grande contribuição para mostrar que só vamos superar problemas no
convívio social conhecendo a fundo nossa real história", salientou o presidente
do Sintep/MT, Gilmar Soares Ferreira.
O secretário de Comunicação
do Sintep/MT, Júlio Cesar Martins Viana, fez um resgate histórico do processo
que impediu o acesso da maior parte das pessoas aos bens públicos e a
possibilidade de usufruto dos direitos sociais. "Isso aconteceu desde a época
da colonização, com o trabalho escravo por parte de índios e negros e do
trabalho forçado de imigrantes europeus e asiáticos", destacou.
Para o sindicalista, é
fundamental que se compreenda que as políticas afirmativas não são
compensatórias. "Elas permitem a essas pessoas buscar uma ascensão econômica e
social que inverte a lógica que predominou durante quase quinhentos anos",
pontuou. Neste sentido, as políticas desenvolvidas pelo atual governo têm dado
uma boa base para o desenvolvimento da população como um todo. "Podemos citar o
Programa Universidade para Todos (Prouni) como um exemplo forte deste tipo de
ação, sem a possibilidade, ainda, de se mensurar o crescimento destas pessoas".
Outro exemplo dado por Júlio
Viana é a evolução real do valor do salário mínimo. "Em 2003, eram necessários
1,3 salários para se comprar uma cesta básica. Hoje, com apenas um salário é
possível adquirir 1,6 cestas", complementa. O momento escolhido pelo sindicato
para este tipo de debate é, segundo o secretário de comunicação, especial. "O
ano de 2010 vai dizer qual é o modelo a ser seguido pelo Brasil, no sentido de
dar maior mobilidade social e retirar, cada vez mais, esta parcela da população
de uma situação abaixo da linha da pobreza", finalizou.
No segundo painel do dia, o
professor Henrique Cunha, docente da Universidade Federal do Ceará (UFC),
desqualificou a forma atual de apresentação do negro e seu papel no contexto
histórico. "É uma abordagem totalmente equivocada, porque mostra o negro
geralmente nu e apanhando, apenas como escravo", esclareceu. Para o
palestrante, é fundamental para os professores ter a capacidade de mostrar as
contribuições do negro para o crescimento do Brasil. "Em um resgate histórico é
preciso que se torne claro e evidente a complexidade dos trabalhos executados
pelo negro na época e que tais atividades foram fundamentais para a expansão da
Europa".
Fonte: Pau e Prosa
Comunicação