Último Conselho de Representantes do ano analisa ataques ao Ensino Público e a tentativa do governo em privatizar a Educação em MT

O último Conselho de Representantes do Sindicato dos Trabalhadores no Ensino Público de Mato Grosso (Sintep/MT) de 2020, contou com a palestra de abertura realizada pelo professor da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), Marcos Caron, que trouxe uma análise das conjunturas políticas nacional e internacional, colocando como paralelo, Brasil e Estados Unidos e o movimento da extrema direita. “Essa onda da extrema direita no país norte-americano, sob comando de Trump, estava como que, uma locomotiva em forte ascensão, e com a derrota dele nas últimas eleições, essa locomotiva começou a perder força, o que deve repercutir no Brasil. A vice-presidente eleita com Joe Biden, Kamala Harris, a primeira descendente de negro a ocupar esse posto, já se mostrou simpática aos movimentos sindicais e à esquerda”, disse o professor.
A análise também colocou em evidência os ataques enredados desde a era Collor contra a Constituição promulgada em 1988. Na era do movimento apelidado de  “bolsonarismo”, segundo Caron, o objetivo do atual governo é consolidar a hegemonia da direita brasileira, promovendo reformas radicais e apostando na doutrina da “segurança nacional”, que visa instigar a população a crer que, o militarismo é a solução para as mazelas da sociedade. “O presidente Bolsonaro, embora possua uma base social de apoio, acaba por enfraquecer seu próprio governo devido sua personalidade desagregadora. Isso é um ponto positivo e mostra que o cenário político brasileiro dos próximos anos pode mudar”, avaliou.

O Presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT) em Mato Grosso, Henrique Lopes, também apresentou um panorama do cenário político no estado. O dirigente sindical destacou as recentes decisões do governador Mauro Mendes no sentido de tornar a Educação Pública, um verdadeiro “negócio”. “O governo vem implementando ações que achatam os investimentos no funcionalismo público, na mesma proporção em que pretende transferir nossas atribuições à iniciativa privada. Ele quer vender a Educação, fechando escolas, extinguindo os centros de formação, enquanto gasta milhões no sistema de apostilamento e compra de softwares e programas online de empresas privadas”, alertou.

A palestra de encerramento trouxe as análises feitas pela secretária de Assuntos Jurídicos e Legislativos do Sintep-MT Maria Celma de Oliveira. Ela propôs uma reflexão a partir de uma imagem contento trabalhadores da educação segurando um cartaz com os dizeres: “governo que fecha escolas e abre presídios”. Maria Celma lembrou que no último dia 20 de novembro, data símbolo da resistência contra a escravidão, o governador Mauro Mendes inaugurou mais uma ala da Penitenciária Central do Estado, obra que teve o custo de R$ 9,7 milhões. A dirigente sindical fez uma analogia entre a falta de acesso ao conhecimento e a escravidão cultural, provocada pela ignorância. Além disso, destacou o interesse do governo em privatizar o Ensino. “Precisamos estar atentos ao que está acontecendo. Ao mesmo tempo em que vemos o anúncio do aumento de recursos públicos que devem ser destinados à Educação, por meio do Fundeb, o governador com toda a sua ganância, cresceu os olhos sobre esses recursos e, ao invés de investir no que é público, implementa ações de desmonte da Educação, fechando os Cefapros – Centros de Formação Profissional, órgão do Sistema Público de Ensino; transferência dos alunos do Ensino Fundamental direta e sem nenhuma política de transferência de recursos para o município (a chamada “prefeiturização” obrigatória), os CEJAS – Centros de Educação de Jovens e Adultos, com o objetivo escancarado de favorecer a iniciativa privada”, criticou.

Após as análises de conjuntura, o presidente do Sintep-MT, Valdeir Pereira fez uma breve avaliação da luta da categoria neste ano atípico em que, segundo ele, o governo Mauro Mendes, aproveitando-se da fragilidade do momento com a pandemia, vem atuando de maneira ainda mais agressiva no desmonte da Educação. “Nas últimas semanas realizamos duas reuniões com o secretário de educação, onde ele mentiu deliberadamente, inclusive na mídia, ao dizer que o sindicato propaga “fake news” ao criticar o fechamento de escolas, quando nos últimos dias, diversas unidades de Ensino da rede estadual já receberam essa sentença”, disse.

Valdeir ainda destacou pontos sensíveis, como a afronta à gestão democrática na escolha de diretor de escola e a recusa do executivo em convocar os apoios administrativos educacionais (AAE) e os técnicos administrativos educacionais (TAE) classificados no último concurso público. “Como a conversa com o governo tem se mostrado infrutífera, vamos deliberar os encaminhamentos nos grupos de trabalho, e nos preparar para a Assembleia Geral desta segunda-feira (07/12), onde decidiremos sobre o indicativo de greve”, finalizou.

Fonte: Assessoria Sintep-MT.
Cuiabá, MT - 05/12/2020 21:12:59


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