Foi realizado na segunda-feira (6), em Brasília o seminário "As expectativas de aprendizagem e o PNE". O evento promovido pela Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE), Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Educação (ANPEd),Campanha Nacional pelo Direito à Educação, Cedes, Anfope e Anpae, reuniu diversos especialistas para elaborar uma proposta alternativa para as novas diretrizes curriculares da educação básica. O documento será entregue ao Ministério da Educação.
A secretária de Articulação Sindical do Sindicato dos Trabalhadores no Ensino Público de Mato Grosso (Sintep/MT), Maria Luiza Zanirato, definiu o propósito do encontro. "O seminário chamou a atenção das entidades e dos movimentos educacionais para ficarem apreensivos com relação às diretrizes da educação, temas que é pouco debatido, e, muitas vezes é praticado de forma até equivocada", afirmou a sindicalista. Além de Maria Luiza, o Sintep/MT foi representado pelo presidente, Gilmar Soares Ferreira, e pelo secretário de Políticas Educacionais, Henrique Lopes do Nascimento.
Avaliações
Henrique Lopes considerou o seminário como um momento importante para a educação. "O tema foi amplamente debatido dentro das expectativas. Mas, nós do movimento sindical, temos que tomar cuidado para que a discussão não se reduza ao que já temos hoje, que é garantir que o direito aprendizagem não sobreponha ao direito à educação", alertou. O sindicalista recordou também os trabalhos, das últimas três décadas, em que o direito à educação passou a ser universal, além da inclusão de novos temas. "Conseguimos, nas últimas décadas, garantir o direito universal, e passamos a incluir a questão do negro e do índio", exemplificou.
O secretário de Políticas Educacionais também chamou a atenção para os planos de educação. "Já temos plano nacional da educação, que defende a lógica de uma escola para todos e vem garantindo o direito ao ensino, mas precisamos nos aprofundar mais sobre o tema, para que a discussão não se reduza a tendência que já temos hoje", declarou.
Já na avaliação geral feita por Maria Luiza Zanirato, "as palestras trouxeram enfoque na associação da expectativa criada em torno da educação, com as avaliações externas, métodos que avaliam apenas o aluno e não a totalidade do processo educacional". A secretária de Articulação do Sintep/MT relembra que o mesmo método adotado no Brasil não foi bem sucedido em outros países.
Para os participantes do seminário, a qualidade do processo de ensino não pode ser referenciada em avaliações como acontece hoje. De acordo com a professora Mara Regina Lemes de Sordi, da Unicamp, ferramentas como o Enem são importantes, mas não devem ser usadas como parâmetros. "Os testes estão vinculados a uma qualidade mercadológica que muitas vezes reduz a concepção de educação que nós defendemos para a escola pública", diz a especialista.
"Há uma centralidade das políticas de avaliação, focadas em testes estandartizados". Mas essas avaliações não contemplam a diversidade regional do país", afirmou, por sua vez, Luiz Dourado, editor da publicação da CNTE Retratos da Escola. Segundo ele, apesar de já ser a sexta economia mundial, o Brasil está repleto de contradições, desigualdades sociais e concentração de renda, fatores que não são levados em conta na aplicação dessas avaliações.
Pedro Goergen, da Unicamp, explica que o estabelecimento das expectativas de aprendizagem com base nas avaliações resulta de uma visão de ensino voltado unicamente à preparação para o mercado. "A educação é um direito mais amplo e profundo que isso. É o direito a uma formação que leve em consideração o ser humano como um todo. Mas as expectativas de aprendizagem hoje são definidas no sentido daquilo que pode ser captado e avaliado pelos mecanismos de avaliação métricos. Mas o essencial na educação não pode ser aferido por essas técnicas", afirmou Goergen.
Salomão Ximenes, da Campanha Nacional pelo Direito à Educação, lembrou que independente do PNE, já foi atribuído ao MEC definir as diretrizes de expectativa de aprendizagem. "Reforçar o direito à educação como um direito individual reforça a ideia do consumidor contra o sistema, e não o cidadão, dentro de uma perspectiva coletiva, apoiado pelo sistema", disse.
Direito
Em sua participação no seminário, o secretário de Assuntos Educacionais da CNTE, Heleno Araújo, criticou a intenção do MEC de implantar um currículo único e simplificado e propôs o debate. "É possível elaborar as expectativas de aprendizagem dentro da diversidade do país, sem ratificar a ideia de um currículo único, um currículo mínimo?", questionou. No mesmo tom se pronunciou Carmen Teresa Gabriel Anhorn, da UFRJ. "O direito universal à aprendizagem não é sinônimo de currículo universal", disse.

Cuiabá, MT - 08/02/2012 00:00:00


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