Paralisação em Mato Grosso tem adesão de educadores de todos
os municípios
Dois mil
trabalhadores da educação de Mato Grosso realizaram ato público no Centro
Político Administrativo na Capital nesta quinta-feira (25). Com bandeiras e
faixas com as reivindicações por melhores condições na área da educação no
Estado, profissionais, pais e alunos caminharam pelo Palácio do Governo,
Assembleia Legislativa e Secretaria de Estado da Educação (Seduc) com objetivo
de pressionar os gestores pelo atendimento da pauta da categoria.
Para o presidente do Sintep/MT Henrique Lopes é hora de mudança por parte do
governo estadual e ele convocou os trabalhadores a se mobilizarem caso não
sejam atendidas as reivindicações. "O que mais fizemos em 2012 foram audiências
com a Seduc. Mas até o presente momento foi instalada uma letargia nessa casa",
disse Henrique em frente à Seduc.
Pontuando a nota pública emitida pelo governo estadual na última semana o
presidente do Sintep/MT esclareceu as informações e considerou mentiroso o
posicionamento do Executivo. O aumento de 86% nos últimos anos, por exemplo,
está acima dos reais ganhos da categoria.
Nesta semana, conforme levantamento prévio do Sintep/MT junto a 98 municípios
mato-grossenses, 91% aderiram à 14ª Semana Nacional em Defesa e Promoção da
Educação Pública em Mato Grosso. O período de greve variou entre 1 e 5 dias,
conforme a deliberação local da categoria.
Política desigual do governo
O ato público teve o apoio do Movimento Sem -Terra (MST), da Central Única dos
Trabalhadores (CUT) e do Fórum Sindical. O membro do Fórum Gilmar Brunetto
disse que a luta é de todos. "Se nós não lutarmos pelos nossos salários, eles,
do Tribunal de Justiça, Assembleia Legislativa e Palácio não vão lutar".
Em frente à Assembleia Legislativa o diretor da região Noroeste Vale do Juruena
Manoel de Souza utilizou o microfone para destacar o abandono do atual governo
com a população mato-grossense. Ele e outras lideranças do interior levaram 4
dias para chegar à Cuiabá devido às péssimas condições das estradas. Sem
programação prévia moradores de cidades como Cotriguaçu (950 km a noroeste da
Capital) ficam reféns do poder público.
Avaliação positiva do ato público
Mais de 50
municípios estiveram representados na caminhada. Profissionais da educação e a
sociedade em geral foram envolvidos no ato público realizado em Cuiabá. O
presidente do Sintep/MT destacou a presença e participação dos municípios da
Baixada Cuiabana e interior, que fortalecem dia-a-dia a luta por uma educação
pública de qualidade em Mato Grosso.
Entre as
diversas caravanas que partiram do interior em direção à Capital, estava um
grupo de Tangará da Serra. A presidente da subsede Francisca Alda Ferreira de
Lima diz que o mais importante é integrar os trabalhadores com pais e alunos.
As demandas por melhorias na área da educação, que atinge também estudantes das
redes estaduais e municipais leva a toda comunidade escolar a buscar a
manifestação pública. Presentes no ato, as colegas do 9º ano da Escola Estadual
Professora Jada Torres de Tangará da Serra levantaram a faixa em prol das
reivindicações em nome de todos os alunos da unidade escolar. Etyene Ribeiro da
Silva, 13, destaca que além da condição precária da escola ela entende as
reivindicações dos profissionais. "Nós viemos para ajudar os professores. A
gente podia estar no lugar deles um dia. O trabalho deles é pouco valorizado,
eles ganham pouco", diz Etyane acompanhada pelas estudantes Gabriele Stefania
Pereira dos Santos, 13, e Luana Caroline Rezende, 14.
As alunas relatam que a condição da escola é precária. A quadra ainda é
descoberta, o piso está desgastado para as atividades esportivas, os forros das
salas estão ameaçados de cair e as turmas continuam a sentir calor mesmo com os
aparelhos de ar-condicionados novos à disposição da escola. Vinte aparelhos
estão ainda encaixotados porque não possui rede elétrica suficientes para
instalá-los.
A estudante Thatielle Laurindo, 16, denunciou o abandono da Escola Nadir de
Oliveira de Várzea Grande, que há 33 anos aguarda por reforma. "Uma das maiores
escolas de Mato Grosso está sem reforma. Nós queremos a reforma já. Eu to
indignada".
A vice-presidente do Sintep/MT Miriam Botelho convocou os trabalhadores a
denunciarem os casos de precariedade das unidades escolares no Estado. Ela
destacou a situação das escolas do campo, que sofrem ainda mais com o descaso
público. "Em Rosário Oeste os ônibus estão sem motor e as crianças não podem ir
para a aula, isso é um absurdo", conta a professora.
Foto: Jocil Serra