A proposta de criação de uma residência pedagógica para os professores das séries iniciais da educação básica tem lacunas e não auxiliará na resolução das falhas da formação de educadores no país, caso seja aprovada como está, sem pensar a educação básica como um todo. Essa foi a conclusão a que chegaram os debatedores presentes à audiência pública da Comissão de Educação (CE) convocada para instruir o Projeto de Lei do Senado (PLS) 284/2012, nesta quarta-feira (28).
Na tentativa de melhorar o texto, o autor do pedido de audiência, senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP), pediu às entidades e órgãos do governo participantes da reunião que enviem sugestões ao relator, senador Cyro Miranda (PSDB-GO). Mas, para o senador Roberto Requião, enquanto a formação dos professores não for continuada, vista como política de Estado, não se enfrentará o problema de verdade.
- A intenção dessa proposta é maravilhosa, a consequência é nula - disse.
Segundo os convidados, o teor da proposta poderia integrar a discussão do Plano Nacional da
Na tentativa de melhorar o texto, o autor do pedido de audiência, senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP), pediu às entidades e órgãos do governo participantes da reunião que enviem sugestões ao relator, senador Cyro Miranda (PSDB-GO).  Mas, para o senador Roberto Requião, enquanto a formação dos professores não for continuada, vista como política de Estado, não se enfrentará o problema de verdade.
- A intenção dessa proposta é maravilhosa, a consequência é nula - disse.
Segundo os convidados, o teor da proposta poderia integrar a discussão do Plano Nacional da Educação (PNE), que está em tramitação no Senado. Erra por não apontar as fontes de financiamento, já que há a previsão de bolsa a ser paga aos residentes. Além disso, deveria propor a experiência para todas as séries da educação básica e não somente para as iniciais, como diz o texto original.
- Pelo Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica), justamente onde estamos melhor é exatamente nos anos iniciais - opina Rodolfo Joaquim Pinto da Luz, representante da União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime) e Secretário de Educação de Florianópolis (SC).

Formação

Segundo os debatedores, uma residência pedagógica até seria valorosa, sobretudo se aliada a uma bolsa de estudos onde o aluno pudesse se dedicar de forma integral. Mas, além de pensar na residência dos futuros professores em formação, é preciso pensar na formação hoje oferecida em nível superior nos cursos de licenciatura, notadamente na pedagogia.
O representante do Conselho Nacional de Secretários de Educação, Danilo de Melo Souza, mencionou o histórico déficit de alfabetização e cultural dos professores, que acaba limitando o desempenho satisfatório e qualitativo desses profissionais. Segundo Danilo, os estudantes de licenciaturas em sua maioria tiveram um percurso escolar difícil, problemático, com muitas lacunas e que chegam à universidade para um projeto de currículo e formação com vários problemas, inclusive no estágio obrigatório, que é insuficiente para aliar teoria e prática.
- Uma das coisas que contribui para que o nosso professor seja vitimado por várias doenças, principalmente no campo psicológico, é essa preparação insuficiente, fruto de um processo de educação incompleto, tardio e insuficiente - avalia.
Helena de Freitas, presidente da Associação Nacional pela Formação dos Profissionais de Educação (Anfope), defende que o acompanhamento e regulação dos cursos de licenciatura das instituições pr
ivadas e os cursos noturnos e a distância, sejam intensificados, para melhorar a formação.
- A imensa maioria, 90% dos estudantes de licenciatura, pertence às classes populares, ou seja, precisam decidir, no seu estudo, se pagam a passagem, se jantam ou se tiram a xerox do material oferecido. Essa condição não pode ser esquecida - observa.
Yvelise Arco Verde, diretora de Apoio à Gestão Educacional da Secretaria de Educação Básica do Ministério da Educação, lembra que o Ministério da Educação tem um projeto de aperfeiçoamento para os docentes, o Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência (Pibid), que já conta com 70 mil estudantes inscritos. Além dele, existem outros programas de atualização e formação continuada que alcançam o que a proposta pretende resolver. O problema, segundo ela, é fazer chegar às já citadas pequenas faculdades, para auxiliar os alunos que realmente precisam.
Além da formação dos professores, também é preciso foco na melhoria das condições de trabalho e na carreira, diz ainda Gilmar Ferreira, secretário de Formação Sindical da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE).
- Ou o país enfrenta as questões estruturantes da educação pública nacional, ou todas as medidas adotadas e votadas não surtirão o efeito necessário - analisa.

Cuiabá, MT - 29/08/2013 00:00:00


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