Em Mato Grosso não
existe programa voltado ao enfrentamento da doença
A Síndrome de Burnout ou da Desistência é uma
doença que afeta 49% dos educadores de Mato Grosso, mas ainda é desconhecida.
Os próprios profissionais não possuem informações sobre a enfermidade e da
mesma forma o poder público não oferece orientações de como tratá-la. O
problema foi discutido pela secretária adjunta de políticas educacionais do
Sintep/MT Maria Luiza Bartmeyer Zanirato no Seminário Nacional de Condições de
Trabalho e de Saúde dos Trabalhadores (a) em Brasília.
A boa condição física e mental do trabalhador da educação são essenciais para a
execução das atividades nas escolas. Sem elas, a execução fica comprometida e o
educador obrigado a se licenciar e ser afastado das funções comuns. Estes
problemas têm sido cada vez mais comuns diz Maria Luiza.
A Síndrome de Burnout é somente um exemplo das doenças diagnosticadas entre a
categoria. "A pessoa que possui esta síndrome trabalha, mas não tem mais
energia emocional e física que lhe dê energia. Ela está pela metade na escola e
muitas vezes está ali só para receber o salário." A alta incidência desta
doença, que muitas vezes é confundida com a depressão, foi confirmada pelo
estudo do perfil realizado Universidade de Brasília (UNB) em 2001 com a
categoria.
Segundo a secretária adjunta do Sindicato dos Trabalhadores do Ensino Público
de Mato Grosso o evento promovido pela Confederação Nacional dos Trabalhadores
da Educação (CNTE) discutiu as relações econômicas e sociais do capitalismo
como determinantes na precarização das condições de trabalho e de saúde dos
profissionais da educação. O fenômeno pode ser percebido no serviço público,
que em geral reproduz as relações de trabalho do serviço privado, com a
exploração da força de trabalho. "Não se valoriza o trabalho do educador,
priorizando outros setores do governo", diz.
O evento em Brasília contou com a participação de representantes de 15 entidades
afiliadas e ainda discutiu as experiências de enfrentamento às doenças laborais
pelo Brasil. Em Mato Grosso Maria Luiza pontua que não existe programa que vise
a saúde do trabalhador da educação, apesar do alto índice de servidores
afastados e licenciados por causa de enfermidades originadas ou agravadas com o
trabalho desenvolvido.
Ausência de
ações Quando a pesquisa nacional sobre as doenças
laborais dos profissionais da educação foi concluída os resultados foram
levados ao conhecimento dos gestores públicos, inclusive de Mato Grosso. No
entanto, os problemas não foram enfrentados pelo governo estadual e municipal.
"Chegamos à conclusão que os sindicatos precisam encampar esta luta,
porque os gestores públicos não estão interessados", diz Maria Luiza. Em
Brasília a CNTE formou o Coletivo Nacional de Saúde do Trabalhador e da
Trabalhadora. Em Mato Grosso o Sintep/MT irá avaliar ações paralelas para
tratar do assunto.